"Eu acho que esse é o papa da ruptura. Essa é a palavra
que Bento 16 e João Paulo 2º mais temiam. Eles acreditavam que a igreja tinha
que ter continuidade, portanto o Concílio Vaticano Segundo não poderia
significar ruptura com o Primeiro. Mas não, agora há uma ruptura, a figura do
papa não é mais a clássica, é outra. Francisco não começou com a reforma da
cúria, começou com a reforma do papado."
Elza Fiuza/ABr
"Manifestações não foram contrao PT, a Dilma ou o Lula |
A declaração é do teólogo Leonardo Boff em entrevista à
revista alemã Deutsche Welle, sobre o papa Francisco., que chega ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.
Questionado por que está tão otimista, já que os problemas
da Igreja como exclusão dos divorciados, a discriminação dos homossexuais, a
proibição de mulheres-sacerdotes continuam, Leonardo Boff afirmou que o papa deu
indicações claras de que acena para mudanças: "Ele soube que um pároco em
Roma negou o batismo ao filho de uma mulher solteira. E o papa disse: 'Esse
padre está errado, porque não existe mãe solteira. Existe mãe e filho. E ela
tem o direito de ver o filho batizado, porque a igreja tem que ter as portas
abertas, pouco importa a condição moral da pessoa'. E ele foi mais fundo ao
dizer que não se pode inventar um oitavo sacramento, proibindo os fiéis que não
se enquadrem na disciplina eclesiástica de participar da vida da igreja e dos
sacramentos. Até agora, os temas de moral sexual, de moral familiar, de
celibato e de homossexualidade eram proibidos de serem discutidos. Se um
teólogo ou um padre discutisse esse assunto, era logo censurado. Agora, ele vai
permitir a discussão".
Leonardo Boff também falou sobre as manifestações de junho
no Brasil: "elas não são contra o PT, a Dilma ou o Lula. Elas mostram uma
insatisfação geral com o Brasil que temos, que é um país com profundas
desigualdades. São 5.000 famílias brasileiras que controlam 43% de toda a
riqueza nacional. Além disso, o próprio PT atingiu o seu teto. Ou ele muda e
refaz a sua relação orgânica com os movimentos sociais, ou ele se transforma
num partido como os demais, que buscam o poder e acabam se corrompendo".
A entrevista na
íntegra neste link
Um comentário:
Tomara Leonardo Boff tenha razão e o Vaticano abra suas guardas históricas contra a Teologia da Libertação. Não acredito muito. Acho que o poder sempre encontra estratégias para exibir figuras cuja aparência atenda a necessidades de época. A Igreja está em crise e precisa renovar sua imagem, assim como a eleição de Obama nos EUA nos encheu de um ânimo passional, e parece deixar às claras que lá existe um governo paralelo (ou vários), que faz do presidente um fantoche de interesses escondidos atrás de cartéis do petróleo. Não vamos esquecer que Francisco tem passado questionável e o papa não é eleito pelo povo, mas por uma cúpula que nem política é, é 'religiosa'. E entender política não é tarefa nada fácil. Quando ela está disfarçada pela capa da fé, embrulha de vez.
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