sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dilma anuncia diálogo com manifestantes, sindicatos e movimentos sociais


Íntegra do pronunciamento


“Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências (...) de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente.”

Essa foi para mim a passagem mais importante da presidente Dilma hoje, no esperado discurso que fez à nação sobre as manifestações que sacudiram ruas e praças do Brasil por mais de uma semana.

Há um crescente descontentamento da sociedade civil, movimentos sociais e sindicatos com o encastelamento de Dilma e sua dificuldade em dialogar e recebê-los.

Conversei hoje com lideranças do PT em São Paulo que não só estavam, pela manhã, muito preocupadas como inconformadas com o silêncio da presidente diante do sinistro cenário que se desenhou durante a semana, culminando com o quase pânico na noite de ontem.

Outro trecho importante do discurso foi o reconhecimento de que o país precisa caminhar mais rapidamente no rumo de avanços de todos os tipos: serviços públicos decentes e relações políticas mais honestas, por exemplo. Disse Dilma:

“As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições. As tarifas baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que aproveitar o vigor dessas manifestações para produzir mais mudanças, que beneficiem o conjunto da população brasileira.

"Essas mensagens exigem serviços públicos de mais qualidade, escolas de qualidade, atendimento de saúde de qualidade, transporte público melhor a preço justo, mais segurança. Ela quer mais. E para dar mais as instituições e os governos devem mudar.

“Irei conversar nos próximos dias com os chefes dos outros poderes, para somarmos esforços esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos. O foco será, primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo; segundo: a destinação de 100% dos recursos do petróleo para a educação; terceiro: trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS.”

Abaixo, outros trechos do discurso:

 Violência e diálogo

“Se deixarmos que a violência nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande oportunidade histórica, como também correndo risco de colocar muita coisa a perder.
“Tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas como dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem, indispensáveis para a democracia. O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático, e também está lutando muito para se tornar um país mais justo (...) Não é fácil chegar onde desejam muitos dos que foram às ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia, o poder cidadão e os poderes da República.”

"Vamos manter a ordem"

“Os manifestantes tem o direito a liberdade de questionar e criticar tudo, de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida e defender com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira. O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e provado, ataque templos, incendeie carros, apedrejem ônibus e tente levar o caos aos principais centros urbanos. Essa violência, promovida por uma pequena minoria, não pode manchar o movimento pacífico e democrático. Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil.

“Todas as instituições e os órgãos da segurança pública têm o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e vandalismo (...) Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.”

História

“A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros. Sou a presidenta dos que se manifestam e dos que não se manifestam.”

Sistema político

“Precisamos oxigenar o nosso sistema político, encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos mal-feitos e acima de tudo mais permeáveis à influência da sociedade.É a cidadania e não o poder econômico quem deve ser ouvida em primeiro lugar.”

Política, corrupção e cidadania

“Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e sobretudo do voto popular, base de qualquer processo democrático. Temos de fazer esforço para que o cidadão tenha mecanismos de controle mais abrangentes sobre os seus representantes. Precisamos de formas mais eficazes de combate à corrupção. A Lei de acesso à Informação, sancionada no meu governo, deve ser ampliada para todos os poderes da República e as instâncias federativas. A melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor.”

“(...) Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos exclusivamente com educação.”

Copa do Mundo

“Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal gasto com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente paga pelas empresas e os governos.
O Brasil sempre foi muito bem recebido em toda a parte. Respeito carinho e alegria, é assim que devemos trartar os nossos hóspedes. O Brasil merece vai fazer uma grande Copa.”

Fim do discurso

“Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que pedem mudança. Eu quero dizer a vocês, que foram pacificamente às ruas: eu estou ouvindo vocês e não vou transigir com a violência e a arruaça. Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos esse grande país.”

4 comentários:

Paulo M disse...

Gostei do pronunciamento da Dilma. Acho que ela tocou nos pontos-chaves com um discurso convincente. A ideia de chamar diversos segmentos para discutir a implementação de medidas sociais é ótima. Tem de fazê-lo, chamar o Alckmin e depois dizer à população que o governo do Estado de São Paulo se comprometeu a cumprir sua parte e investir de verdade no metrô e nos trens metropolitanos. Ou será que o "Meritíssimo" está tentando sair de fininho?

Segundo matéria publicada no Uol, o primeiro ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse em Samsun que o Brasil e a Turquia estão sendo vítimas de uma conspiração internacional: "O mesmo jogo está sendo jogado no Brasil. Os símbolos são os mesmos, Twitter, Facebook, são os mesmos, a mídia internacional é a mesma. Os protestos estão sendo levados ao mesmo centro. Eles estão fazendo o máximo possível para conseguir no Brasil o que não conseguiram aqui. É o mesmo jogo, a mesma armadilha, o mesmo objetivo".

marco antonio ferreira disse...

Edu, caro, ainda bem que vc não piscou.
Ao contrário do que se diz por aí, a política demora, diferente mente de mídia . O que está parecendo é que se optou por uma " agenda" rápida. Agenda revolucionária. O bom da rwvolução é que é rápida e o ruim também é isso. O rápido não fica! Mas como disse Gabriel, queremos já. Pois que venha!

marco antonio ferreira disse...

Pois é Paulo, e o ruim é que o Brasil tem um histórico de sabotar- se.sic!

Eduardo Maretti disse...

Eu não sou muito fã de teorias da conspiração, mas o raciocínio do premiê turco faz todo o sentido.

Se puderem, leiam o artigo, em duas partes, nos links abaixo:

O controle das mídias sociais como instrumento da política externa americana (parte I) -

http://www.gpopai.org/ortellado/2012/08/o-controle-das-midias-sociais-como-instrumento-da-politica-externa-americana-i

O controle das mídias sociais como instrumento da política externa americana (parte II)

http://www.gpopai.org/ortellado/2012/08/o-controle-das-midias-sociais-como-instrumento-da-politica-externa-americana-ii