quinta-feira, 20 de abril de 2017

Libertadores, futebol e subdesenvolvimento


Foto: Divulgação/Conmebol

Há quem defenda a Libertadores, na comparação com a Copa dos Campeões da Europa (hoje é mais chique: UEFA Champions League). Eu não estou entre esses. "Isso é Libertadores" é uma frase tão clichê e tão sintomática da subcultura que não discuto mais isso. Não tem como comparar o futebol europeu com o sul-americano. A verdade é que "lá [na Europa] eles jogam futebol e aqui nóis joga bola", como me disse um vizinho de condomínio. Não estou a fim de discutir sociologia ou complexo de vira-lata (coisa mais velha que minha avó), que, no caso do futebol, hoje, é uma discussão distorcida, porque o fato é que um Juventus x Barcelona é muito mais espetacular do que qualquer "crássico" sul-americano, e sinto muito.

Em poucos minutos de Independiente Santa Fé x Santos, pela terceira rodada da Libertadores 2017, o time da Colômbia mostrou como se pode ser criminoso no futebol. Uma entrada de um colombiano, que deu uma voadora no lateral direito do Santos Victor Ferraz logo no início do jogo, foi apenas uma amostra de como é estúpida essa cultura de vale-tudo que vigora sob o manto de "isso é Libertadores". Se o jogador acerta o santista de jeito, poderia inutilizar o atleta para o futebol. O absurdo é que, apesar da violência dos colombianos, quem acabou expulso foi o Jean Mota, do Santos, aos 34 minutos do segundo tempo, por um segundo cartão amarelo burocrático.

A violência não parou por aí. Ela predominou no jogo dos colombianos, que para mim se tornaram símbolo da deslealdade com o lance em que o tal Zuñiga tirou Neymar da Copa de 2014. A esta observação acrescento a exceção honrosa do Atlético Nacional, da mesma Colômbia, que abriu mão da Copa Sul-Americana de 2016 em favor da Chapecoense, devido à tragédia que se abateu sobre o clube catarinense.

Palmeirenses protestaram no Facebook quando reclamei do alviverde ganhar do Peñarol aos 54 minutos do segundo tempo. Segundo palmeirenses, eu não falei da catimba dos uruguaios. Mas os palmeirenses não entenderam exatamente o que falei quando eu disse que, na Libertadores, vigora uma cultura futebolística de subdesenvolvimento, segundo a qual vale tudo e tudo vale. Inclusive a malfadada catimba, a violência e todo tipo de coisas estranhas extra-futebol, tais como um time mandante ganhar com um gol aos 54 minutos do segundo tempo. Eu não quero que meu time ganhe assim.

Mas, voltando ao jogo Santa Fé x Santos, o empate em 0 a 0, fora de casa, foi muito bom para o Peixe num jogo muito ruim. Terminado o primeiro turno (no qual fez dois jogos fora de casa), o alvinegro praiano é líder do grupo com 5 pontos. No segundo turno, fará duas partidas como mandante, contra o próprio Santa Fé e diante do Sporting Cristal (fora será contra o mais forte, o temível The Strongest, da Bolívia - apesar da ironia, o Strongest é enjoado mesmo, e uma boa equipe). Mas a classificação do Santos será tranquila.

E torço muito para o Santos pegar o Palmeiras em um mata-mata nesta Libertadores. Acho que o Santos é muito mais time, apesar de Dorival Júnior, e, se esse encontro acontecer, o Santos eliminará os palestrinos. 

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