domingo, 18 de setembro de 2016

Por que votar em Fernando Haddad em poucas palavras





Indo direto ao ponto: por mais respeitável que seja o voto em Erundina, a divisão dos votos de esquerda em São Paulo pode levar a um cenário digno de desespero: Dória e Russomanno no segundo turno. A cidade será privatizada e se tornará o império da polícia definitivamente. Nem é o caso de falar aqui de políticas desenvolvidas por Fernando Haddad ou por erros políticos de sua gestão. A questão de por que votar no prefeito é mais séria do que isso.

A necessidade de autoafirmação de setores da esquerda brasileira é histórica e levou o país a diversas tragédias. Para ficar num exemplo: na eleição presidencial de 1989, o orgulho do PT e de Lula e sua falta de humildade auxiliaram enormemente o projeto da direita de eleger Fernando Collor. O único candidato capaz de derrotar Collor na época era Brizola. Lula, ainda um neófito em eleição presidencial, foi presa fácil para Collor e sua madrinha Rede Globo no segundo turno.

Hoje, na capital paulista, o Psol tem papel equivalente ao do PT na eleição nacional de 1989. Os votos da brava Erundina, com seus supostos 5% (segundo o Datafolha), seria capaz de decidir a ida de Haddad ao segundo turno. Acho até que Erundina tem mais do que 5%. Seja como for, uma pena que não fecharam acordo com o compromisso de governar juntos em caso de eventual vitória petista no segundo turno.

Mas já que Luiza vai manter a candidatura até o fim, já que o que vale são as vaidades e projetos individuais, não há opção a não ser o voto útil em Haddad.

Como me disse o cientista político Vitor Marchetti, da UFABC, hoje: “Não tem muito cabimento discutir se o voto útil deve ser admitido ou não. No processo, o eleitor raciocina e começa a avaliar, no cenário, quem tem mais chance. O voto útil é sempre uma estratégia válida.”

Esta semana, o escritor Fernando Morais pediu maturidade, ou seja, união de PT e Psol para evitar que dois candidatos de direita cheguem ao segundo turno em São Paulo. “Estamos correndo o risco de entregar as duas maiores cidades do país aos golpistas. Está na hora do PT e do Psol se entenderem”, disse, em referência também ao Rio de Janeiro. Na capital fluminense, o PT não tem candidato e apoia Jandira Feghali, do PCdoB, que está na mesma situação de Erundina em São Paulo. Patina em cerca de 5%, mas seus votos seriam decisivos para levar Marcelo Freixo, do Psol, ao segundo turno. 

Um comentário:

Alexandre Maretti disse...

O Psol está querendo se firmar como forte partido futuramente. Por isso não aceitam união com o PT logo de cara no primeiro turno. Acho que isso não é de todo ruim, na atual conjuntura política, quando vivemos sob a sombra dessa onda de conservadorismo e golpe confabulados pela direita, mas que não há projetos nem planos. Se não com o uso da força, não vejo futuro para essa direita que aí está. Acho interessante que tenhamos alternativas sólidas de esquerda. Se o Haddad for para o segundo turno, terá boa chance de ganhar, já que os votos da Erundina, os 5%, irão para o Haddad. A Erundina irá apoiá-lo.