quarta-feira, 21 de maio de 2014

Juiz federal corrige semântica, mas mantém decisão contra Umbanda e Candomblé


O juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que negou pedido do Ministério Público de retirada de vídeos do YouTube que discriminam umbanda e candomblé (veja post anterior, abaixo, ou aqui), dizendo que não são religiões, fez uma correção em seu texto nesta terça-feira (20). Ele havia argumentado que as religiões não podem ser consideradas religiões (sic) por não terem um texto que as fundamente, como o Corão e a Bíblia, e também não acreditarem num deus único.

Na correção, admitiu “a devida adequação argumentativa para registrar a percepção deste juízo de se tratarem os cultos afro-brasileiros de religiões”. “Destaco que o forte apoio dado pela mídia e pela sociedade civil, demonstra, por si só, e de forma inquestionável, a crença no culto de tais religiões”, acrescentou.

Mas, correção à parte, o magistrado manteve a decisão, negando a liminar ao MP. Então, os ataques de baixo nível, vulgares e discriminatórios contra as religiões continuam. Segundo o juiz, os vídeos não podem ser tirados do ar porque são a manifestação da liberdade de expressão dos que os divulgaram: os evangélicos neopentecostais.

2 comentários:

Paulo M disse...

O que leva um representante do Poder Judiciário brasileiro a argumentar tal asneira e depois corrigir com uma emenda pior que o soneto? Desde quando a Umbanda e o Candomblé têm o mesmo apoio da mídia e da sociedade, ao menos se comparado aos bilhões de lucro do bispo Edir Macedo, dono da Record e de um capital erguido graças aos milhões de cidadãos religiosos que acreditam em qualquer poste que lembre uma cruz? Não vivemos num país laico, democrático, multirracial e multirreligioso? Ou isso são apenas formalidades de Estado? E por que o poder divino não pode estar dividido entre Iemanjá, Iansã e Ogum, ou Júpiter, Netuno e Plutão, homenageados estes pela Astronomia moderna, que tanto se gaba por descobertas de laboratório que a mídia divulga sem parar? É cansativo ter de ficar argumentando sobre coisas óbvias numa sociedade que insiste todo dia em sustentar os mesmos retrocessos sociais da Inquisição, só que em outros moldes.

Gabriel Megracko disse...

Macumba nele!