Apesar de Fernando Haddad e Gabriel Chalita, novo secretário
de Educação, desconversarem sobre os planos deles próprios e de PT e PMDB para
as eleições municipais de 2016, e dizerem que essa discussão é para depois,
quem foi à concorridíssima cerimônia de posse de Chalita pôde constatar a força
e o significado político das articulações que levaram o peemedebista a assumir
o posto no governo.
Cesar Ogata/SECOM-PMSP
Além de deputados, vereadores, secretários municipais e
líderes de vários escalões dos dois partidos, estiveram presentes à cerimônia
figuras como José Renato Nalini (presidente do Tribunal de Justiça de São
Paulo), dom Odilo Scherer (cardeal arcebispo de São Paulo), Alexandre Padilha
(ex-ministro da Saúde), Lygia Fagundes Telles (a mais importante escritora
brasileira viva), Alexandre de Moraes (secretário de Segurança Pública de
Geraldo Alckmin), representantes da OAB e diversas entidades políticas e civis,
entre outros.
O evento mostrou que a posse de Chalita – se não houver
pedras no caminho – é, sim, o prenúncio de uma possível dobradinha na chapa
para a eleição de 2016.
A chegada de Chalita ao governo faz parte da já lendária (!)
estratégia que deve neutralizar grande parte do capital que Marta Suplicy teria
se, fora do PT, conseguisse se bandear para o PMDB. Agora, se ela quiser ser
candidata, terá de ser por um partido muito menor.
Mas ainda tem o fator Russomanno, que não será desprezível
como candidatura de direita que tem muitos votos nas periferias da capital.
"Aqueles que buscarem divergência de pontos de vista
entre mim e Chalita vão semear em solo infértil", disse Haddad, ao ser
questionado sobre críticas murmuradas aqui e ali por petistas e outros
inconformados com a nomeação de um ex-secretário de Alckmin.
Haddad lembrou a participação de Chalita nas eleições de
2010 e 2012, pra dizer: “Chalita é parceiro também na política, por que não
dizer? Não vejo nenhuma razão para não agradecer mais uma vez o apoio que
recebi no segundo turno de 2012, e o esforço que ele fez em 2010 para não
permitir que teses obscurantistas dominassem o debate político da eleição
presidencial. Elevou o padrão e o nível do debate”.
A lembrança de Haddad é pertinente. Com os 833 mil votos que
conseguiu no primeiro turno de 2012, Chalita foi decisivo para a vitória do
petista contra José Serra (PSDB). No segundo turno, o então candidato do PT
venceu o tucano por uma diferença de 679 mil votos.
Antes, em 2010, Chalita, que é católico, deu declarações
defendendo a então candidata Dilma Rousseff dos boatos espalhados pelo mesmo
tucano Serra, segundo os quais Dilma era favorável ao aborto. “A tentativa de
desconstruir pessoas com boatos é ruim. Dilma nunca disse ser a favor do
aborto. Ela abordou o tema como uma questão de saúde pública”, afirmou Chalita
na época à Folha de São Paulo, quando era membro do PSB.
Sobre o “boato” mais explorado, o da interferência de Lula
no processo, me parece que Haddad demonstra nas entrelinhas que acredita de
fato na construção de uma nova geração de políticos, ao dizer: “procuramos o
presidente Lula e o presidente Michel Temer para apresentar a eles nosso ponto
de vista sobre o rejuvenescimento da política, a necessidade de novos quadros
para revitalizar o debate político sobre políticas públicas”.
Com isso, Haddad quer dizer a Lula que está na hora de o
Brasil acreditar na nova geração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário