Agora, sim. A Rede
Globo consegue conquistar, pelo inconsciente coletivo (mas também pelo
consciente coletivo!), uma legião de gente com o beijo gay dos personagens Félix
e Niko. Que beleza, como diria o narrador.
Como escrevi no Facebook, é estarrecedor as pessoas
comemorarem um beijo. A TV Globo que tantos (esquerdistas) acham a encarnação
do demônio na Terra deve estar comemorando! Aliás, ninguém se lembra que Luciana
Vendramini e Giselle Tigre na novela “Amor e Revolução” (2011), do SBT, já
tinham dado um beijo gay.
Primeiro beijo gay da TV: Luciana Vendramini e Giselle Tigre |
É como se, no inconsciente coletivo (como diria Jung), a sociedade
brasileira, de esquerda, de direita, de centro e de outros pontos do espectro
político e moral, finalmente chegasse à conclusão de que “então tá bom, a TV
Globo falou, tá falado. Agora pode. A Globo deu!”
A Globo deu, a Globo conquista corações e mentes. A Globo manda no Brasil.
Mas... como é que fica mesmo a discussão da democratização da mídia?
Os artigos 220 a 223 da Constituição Federal? Ou vocês acham que a Globo dá ponto sem nó? É tão simples! Ela está apenas incorporarando alguns pontos de audiência -- talvez um anunciante novo, quem sabe? Aquele que você, com seu deslumbramento de rã, vai ajudar a pagar, caro telespectador.
Daqui a pouco ninguém se lembra mais de que nunca foi regulamentada
a determinação de que “Os meios de comunicação social não podem, direta ou
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”; ou de que lei federal
deve “estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a
possibilidade de se defenderem (...) da propaganda de produtos, práticas e
serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”.
Tem gente que acha que a cena do beijo gay da Globo foi
finalmente o reconhecimento da razão da luta pela igualdade, contra a
discriminação. Agora, sim. A Rede Globo falou, tá falado.
Mundo mundo vasto mundo. Viva a TV Globo! Viva a esquerda
brasileira! Viva a direita brasileira! Viva o povo brasileiro!
4 comentários:
Realmente é estarrecedor a força que a Globo ainda tem nao só como formadora de opiniao mas tbem de valores, costumes etc...em nossa sociedade. Acho bacana o bjo gay ( que por fim é um só um bjo, algo normal que ganha ares grandiosos, mistrando assim como é preconceituosa a sociedade brasileira) mas acho que eles da " Grobo" nao dao ponto sem nó....
Hahaha! 'Deslumbramento de rã' foi ótimo. Claro, as pessoas assistindo Globo geralmente ficam mesmo parecidas com rãs. Não desmerecendo as rãs, já que a sua posição natural é a de um humano que assiste Globo ('assiste', quero dizer, sente prazer vendo os programas típicos da Globo, que não é o caso do futebol, por exemplo (já que não foi a Globo que inventou o futebol, apesar de se comportar como tal e de mandar em horários e calendários), ou de um ou outro bom filme brasileiro transmitido aleatoriamente pra não dizerem que só tem merda). Não há nada de errado com as rãs, mas alguma coisa vai muito mal para um homem que se comporta como uma rã. Se as rãs passassem a se comportar como homens seria também um problema muito sério para o ecossistema do planeta Terra. Que tal se o homem começasse a usar a característica que lhe é intrínseca, o raciocínio? Quando um homem considera o raciocínio algo que lhe dá superioridade perante a natureza que o cerca, há uma grande chance de que ele comece a se comportar como uma rã, acreditando ainda que é um ser dotado de inteligência suprema; costumam ser os menos humildes. Se o raciocínio é algo que dá poder ao homem, este poder só não será destruidor se for utilizado para desenvolver qualquer e toda a natureza a sua volta. Do contrário, seria melhor que continuasse sendo um animal... como se diz... irracional. A Globo conduz uma multidão exatamente! como o homem faz com os bois. A única diferença que há é a característica descritiva de cada caso, mas em sua estrutura são casos matematicamente iguais. E o homem que conduz manadas comporta-se como a Globo. Não vou nem entrar nas temáticas em que a Globo interfere, são muitas! Sempre com objetivos morais voltados para a acumulação de recursos e tendências políticas, que são basicamente a mesma coisa. É só notarmos a apropriação rápida e vigorosa do tema gay logo após as 'manifestações' contra a tal cura gay. Aparentemente vemos a Globo a favor (contra a cura gay), não? Não, o objetivo não é claro, mas é simples: os 'gays' reivindicam algo e aumentam em quantidade (votos). Na prática, a legitimação das relações gays (assim como a legitimação de qualquer coisa que vise a liberdade de ação e ao mesmo tempo a evolução da sociedade e da vida, enfim) está voltada, efetivamente, para as tendências políticas do Partido dos Trabalhadores e, de formas mais laterais, a outras tendências políticas, geralmente confundidas com extrema esquerda (eu diria esquerda menor). Angariando este público, a Globo tem mais chance de conduzi-lo para o seu 'lado' e deixá-lo feliz com suas novíssimas tendências políticas, que na verdade é própria tergiversação da realidade: a ignorância!, que não é 'lado' coisa nenhuma, é a ausência de raciocínio, a ausência de lado e de partido, é a extrema direita, é a guerra. A Globo adora uma guerrinha, porque dá audiência. É como a industria de armas. Devem ser primos.
Creio que concordo essencialmente com o comentário acima, embora seja uma concordância em alguns aspectos intuitiva.
Digo isso porque(e isso não ficou claro nem no post nem no comentário acima), pra mim, a relação entre povo e poder é dialética. Não vejo o povo como vítima, mas como partícipe de uma relação de poder do qual ele, povo, também é protagonista, no bom e no mau sentido. "Não há vítimas inocentes", diz Sartre, o que pra mim é uma porrada magistral (um upper, na linguagem do boxe) na culpa cristã.
Glauber Rocha fala disso no gigante "Terra em Transe" (o ator Flavio Migliaccio interpretando o "povo", nesse filme). Um filme que tem de ser visto sempre.
A Globo tb me faz pensar em Pasolini (a destruição das culturas particulares).
Acho foda dizer isso, mas o povo é cúmplice disso. O povo-rã.
Enfim.
Num âmbito estritamente ideológico, bom e utópico, podemos dizer que o povo é cúmplice, porque cada indivíduo tem potencialmente a mesma capacidade (se não estiver adoecido pela confusão social). Porém, sabemos bem que se a Globo decidisse (sem dúvida por intervenção da Real Divina Providência e concessão da Real Maldita Providência) desenvolver a sociedade brasileira em sentido de um comunismo, por exemplo, ela praticamente faria isso em um ano, se muito. Então, acho que o povo, falando em organismo social mesmo, é desprivilegiado e mais vítima que a Globo. Da mesma forma que nenhuma criança bem nutrida nasce com DNA de pobre. Se ela nasce pobre (e tantas vezes debilitada fisicamente por falta de recursos do ponto de vista informativo e de subsistência fisiológica) é sem dúvida porque sua mãe foi pobre, portanto não podemos culpá-lo individualmente por isso. E nem acho que pobres (já que o povo é maioria e a maioria é pobre) conduzem manadas nem de bois nem de homens, porque não têm recursos sociais para tanto. Quem conduz manadas são latifundiários (não confundir com os que trabalham para os latifundiários, cujas atividades o tornam muito mais vítima que seu "senhor", e esse latifundiário é que age como a Globo). Há homens estúpidos a quem acomete a ilusão de acreditar deter algum poder por subjugar seus animais de estimação a seu bel-prazer humano, como uma dona com seu poodle ou um pit bull com seu pit bull. Um sonho de poder, apenas. O "povo" é guiado como manada, e nisso tem tanta culpa quanto um boi. A analogia é clara, relativamente. E cada um tem a responsabilidade do poder que angariou para si. Uma pessoa que pouco faz, pouca responsabilidade tem. Agora, um organismo do tamanho da Globo? A responsabilidade social da Globo é do tamanho que conhecemos. E nisso entram, principalmente, os tantos veículos "informativos" da Internet e todas as emissoras abertas e quase todos os canais fechados, estes últimos como formação política e ideológica de uma elite, que, como diz a Chaui, vai determinar as tendências estéticas e portanto políticas da classe que lhe é imediatamente "inferior". Sim, a Internet, a Igreja, a Globo, a Veja, a Folha, o Estadão, o Zero Hora, O Globo e todos os seus aliados dentro e fora do País, que trabalham midiaticamente contra a formação comunitária de opiniões são sim os grandes monstros propagadores da ignorância e grandes culpados. E de jeito nenhum isso pode ser justificativa para que as pessoas façam merda, claro, como disse, cada um é responsável pelo poder que angaria. E já extrapolei o meu limite de discurso político-ideológico na Rede Mundial de Computadores. Sou apenas um sujeito sem reconhecimento público cujos discursos políticos não têm muita representatividade prática. Acredito na evolução lenta e enraizada - poderia ser rápida e enraizada se os grandes poderosos se conscientizassem de que o bem-estar de todos é benéfico para eles próprios, pois todas as cabeças pensando com o "máximo" de suas potências simplesmente fariam do mundo um lugar muito mais rico, qualitativamente, do que é hoje - da política mundial e trabalho por isso, como sugere Camus nas entrelinhas ou nas linhas mesmo, e isso jamais afetaria o poder dos retentores de recursos sociais, porque eles não pensam além de suas mortes ou no que suas atitudes acarretam na vida de seus parentes e amigos; esta é a estratégia: podem continuar com suas putas de luxo e com seus drinques do inferno em ilhas particulares, não me importo, a Natureza já cuidará de vocês, não eu.
A evolução que quero para mim, procuro-a eu mesmo, anarquicamente.
A evolução que quero para os meus, procuramos juntos, consensualmente.
A evolução de toda uma sociedade, ponderamos politicamente, sem sangue, sem guerra e da forma mais rápida possível, democraticamente.
E todos os âmbitos da evolução são interdependentes e relativamente proporcionais e o Homem precisa invariavelmente pensar e agir sobre isso se quiser dormir em paz.
Boa noite e beijos a todos.
Homo sapiens
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