Flu cai de Boca. Com o perdão do trocadilho infame, a frase resume a peleja no Engenhão em que o Boca Juniors eliminou o Fluminense e se classificou para a semifinal da Libertadores, ao empatar em 1 a 1, fazendo outra vítima brasileira – o Palmeiras em 2000 e 2001, e o Santos, em 2003, foram outras.
O Fluminense fez 1 a 0 logo aos 18 minutos do primeiro tempo impondo-se com autoridade, embora tenha achado seu gol, em cobrança de falta – que nem existiu - de Tiago Carleto, com direito a desvio na zaga. A impressão, até cerca da metade do segundo, era de que mais cedo ou mais tarde o Tricolor furaria a retaguarda (e não retranca) boquense. Com 1 a 0, o time de Abel Braga precisava de mais um gol no Rio para eliminar o Boca, do qual perdera pelo placar mínimo em Buenos Aires.
Mas o segundo tempo chegou. E num jogo renhido, disputado palmo a palmo, pouco a pouco o Boca foi tomando corpo. Aos 35, mais ou menos, o Flu começou a demonstrar que não estava tão insatisfeito assim com a vitória magra de 1 a 0, e que... por que não os pênaltis? Mas aos 40 minutos o Boca tinha revertido jogo, estava indo para cima, como um fantasma que crescia diante de um Fluminense assustado, e o castigo estava a caminho. O Boca Juniors subitamente pressionava, e nesse estilo argentino impressionante e traiçoeiro, empatou a partida aos 45min do segundo tempo, com Santiago Silva. O Fluminense estava desclassificado da Libertadores, e o Boca nas semifinais.
Jogo igual e vitória corintiana
Logo depois, o Corinthians eliminou o Vasco no Pacaembu fazendo 1 a 0 num jogo dramático (em São Januário, semana passada, tinha sido 0 a 0). Paulinho, aos 43min do 2º tempo, marcou o gol da vitória corintiana nesta quarta-feira, 23. O jogo foi rigorosamente igual. Taticamente os times se propuseram a combater fazendo marcação, marcação e marcação.
A impressão era de que a experiência de jogadores tarimbados do Vasco (o goleiro Fernando Prass, o meia Juninho, o meia-atacante Diego Souza, Felipe no segundo tempo) acabaria prevalecendo. O Corinthians demonstrava nervosismo, mas seus anjos da guarda Ralf e Paulinho seguram as pontas sempre. Jorge Henrique, para variar, destoa: pilhado demais, um jogador meio burro, tacanho. Comete falta digna de cartão amarelo e ainda esbraveja. O Vasco foi mais time no amarrado primeiro tempo.
No segundo, deu-se um combate mais franco e aberto, o jogo ficou emocionante. E eis que Diego Souza de repente se vê livre penetrando cara a cara com o goleiro Cássio... Diante de todas as possibilidades que tinha (driblar para a direita, para a esquerda, fuzilar uma bomba, dar uma cavadinha, dar de bico ou qualquer outra solução), Diego fraquejou e chutou mal, tentando colocar, e o arqueiro corintiano desviou para escanteio. Aí é que está a diferença que faz um jogador diferenciado, que Diego Souza não é. Não teve a calma do craque. Tentou definir antes da hora pra se livrar o quanto antes da responsa. Num jogo como esse, parelho, igual, um erro assim não haveria de ser perdoado. E não foi.
O Corinthians espera agora o vencedor de Santos x Vélez, hoje, quinta-feira, torcendo, acho eu, para o time argentino. Que, na minha opinião, será mais fácil de ser batido do que o Santos na semi*. O Boca Juniors aguarda o confronto entre Universidad de Chile x Libertad, jogo em que La U é quase favas contadas. A ver.
*PS: Como lembrou Felipe Cabañas em seu comentário (no link comentários, abaixo), se o Vélez ganhar do Santos, o Corinthians terá de fazer a semifinal contra a outra chave (Libertad ou La U), porque "Boca Juniors e Vélez serão obrigados a se enfrentar por conta desse tosco regulamento da Libertadores".
Atualizado às 13:04
12 comentários:
Vai ser difícil o Vélez segurar essa onda! Agora, se passar, pra mim vira o favorito. Não porque é o Santos, mas porque é na Vila e é esse Santos. Vai ser osso pros hermanitos!
E o "favorito" Vasco se foi.
Um grande time começa com um grande goleiro. Não foi demérito do Diego Souza perder o gol, foi mérito do Cássio sair bem da meta, se agigantar para cima do atacante, dar o bote na hora certa. Naquele momento, quando vi o Diego Souza escapar sozinho após um erro imperdoável do Alessandro e do posicionamento da defesa, tive certeza de que a Libertadores acabava ali. Quando vi o Cássio tirar aquela bola, tive certeza de que a vitória viria. E a vitória foi justa e traduziu o que foi o duelo - diga-se de passagem, duelo leal, respeitoso, com uma atuação de gala do time carioca; não pensei que o Vasco fosse dar tanto trabalho, principalmente no Pacaembu.
O Corinthians foi levemente superior nos dois jogos, e por isso o 1 x 0 no cômputo geral foi justo - uma leve superioridade. O Corinthians volta à semifinal após 12 anos eliminando um dos gigantes do futebol sulamericano, um time que tem tradição no torneio e que estava jogando um futebol encaixado, como o nosso. Isso nos fortalece. Para um cada vez mais possível duelo das semifinais contra o Santos, vai ser um time de futebol arte contra um time de futebol pragmático e muita garra. O Santos é favorito, porque tem Neymar e Ganso (quando joga), mas creio que será uma semifinal decidida no detalhe.
Hoje, Edu, sinceramente, eu prefiro que o Santos ganhe. Se o Vélez ganhar, seremos obrigados a fazer a semifinal contra a outra chave, porque Boca Juniors e Vélez serão obrigados a se enfrentar por conta desse tosco regulamento da Libertadores. Nesse caso, muito provavelmente enfrentaríamos a Universidade de Chile, um time poderoso, com gana de ganhar a Libertadores e que joga no temível estádio Nacional do Chile, onde o Pinochet torturava os dissidentes e que tem aquela energia "boa". Ou então pegaríamos o Libertad, o time do presidente da Conmebol. To fora. Prefiro jogar um clássico nacional praticamente sem sair de casa.
Saudações.
Tinha me esquecido desse lixo de regulamento, Felipe. Que coisinha de repúblicas de bananas. Então, mais do que nunca, vocês terão o caminho muito facilitado se o Vélez levar hoje. Por mais que se fale que La U jogue isso e aquilo, os times chilenos são especialistas em amarelar, seleção chilena inclusive (um amigo meu chileno sempre dizia isso, nunca confiava nos times de seu país e hoje é gremista). E o Libertad, francamente, pode ser do presidente da Conmebol, da FIFA, do que for, mas é muito ruim. E como ouvi outro dia, parece o ex-piloto Ricardo Patrese da Fórmula 1: todo ano estava lá, é um dos que mais correram na história, mas nunca ganhou nada.
Eu não poderia perder mais uma oportunidade de falar mal do Alessandro (perda irreparável a do Edenilson), e até por isso quero lembrar aqui que quem errou no lance, efetivamente, foi o Alessandro, e nem tanto assim o Diego Souza que, coitado, vai ficar injustamente estigmatizado e vitimado por uma injusta comparação com o Deivid, que perdeu embaixo da trave e sem goleiro.
Eu não ponho a mão no fogo por nenhum dos quatro goleiros dos grandes de SP, e Cássio certamente é o último destes nos meus critérios, mas neste lance temos que reconhecer que ele foi feliz por manter a calma, esperar a chegada do atacante e fechar o ângulo com o grande (em todos os aspectos) auxílio de sua estatura.
Agora, erro grosseiro o Cássio cometeu quando já estava 1x0, quando saiu catando borboleta e quase entrega a rapadura.
Já no outro gol, o ótimo Fernando Prass, que já tinha feito milagre no RJ, tornou tudo ainda mais sofrido no Pacaembu com pelo menos três defesas complexas, sendo que uma ele desviou o suficiente para ir na trave.
Se os quatro grandes de SP carecem de goleiros mais seguros, os do RJ estão muito bem servidos neste aspecto.
Análise de um ex-goleiro, a exemplo do dono deste blogue...
Leandro, até concordo com a sua análise sobre o Alessandro. Agora, com o Santos classificado, o Tite que cuide desse setor direito da defesa, que é ali que o gênio Neymar gosta de jogar. Eu não sei o que o Tite vai fazer, mas se deixar o Alessandro sozinho com o Neymar já era.
Mas, quanto ao Cássio, embora eu não tenha no meu currículo experiência como arqueiro (rsrs), eu humildemente discordo. Ele operou um verdadeiro milagre no Pacaembu ontem. Aquele gol do Diego Souza seria o fim. É uma bola mais difícil que um pênalti, porque o jogador adversário pode correr para o canto que quiser, tem a opção de driblar, entrar com a bola no gol, fazer o diabo. Também salvou o time várias vezes no Equador contra o Emelec, saindo bem do gol, se posicionando bem para pegar alguns chutes mais perigosos. Ele é um goleiro ativo. É desses goleiros que saem do gol, disputam todas as bolas, e por isso teve esse lance em que aparentemente ele "saiu catando borboleta", mas a maneira como ele saiu impediu que o jogador do Vasco cabeceasse com direção. A bola passou longe do gol. Depois, aquela bola que ele respingou, foi uma bola traiçoeira, mas conseguiu impedir depois a chegada do adversário sem cometer pênalti. Sinto, depois de muito tempo, que temos um guarda meta decente. O problema é que goleiro é uma posição muito sensível, que não permite absolutamente nenhum erro, mesmo que não interfira no resultado. Fora que o Cássio é alto, o que é providencial para um torneio que frequentemente tem disputa de pênaltis e contra alguns times hermanos que gostam especialmente de explorar bolas aéreas. Acho que esse arqueiro merece crédito.
Ganso de canhota pra Léo de canhota pra Ganso de canhota pra Léo de canhota pra Alan Kardec de canhota pro Gol.
Senhores, não foram três, mas cinco toques de canhota até a bola encontrar sua alegria, finalmente.
O Santos passou o jogo todo tentando com a direita, acumulando canhotas para uma única jogada durante toda a aposta.
Leandro, se há algo mal compreendido no criacionismo (que seja ele próprio), é que ele não é uma prática religiosa em detrimento da Ciência, é uma ciência religiosa da criação que o homem jamais poderia compreender sem uma fé metafísica, a menos que o ele tivesse a consciência intangível e infinitamente diluída de Deus presente em todo Espaço superocupado pelo Movimento, que nada tem a ver com essas coisas que dizem por aí, sem buscas de explicações.
Por exemplo, eu estava vendo o jogo pela internet, no meu quarto (e nisso havia coisa de 1 minuto de atraso para o rádio, que liguei ocasionalmente quando precisei mudar o linque porque o outro estava travando), quando ouvi rojões aqui por perto e saquei, pelo tempo de atraso, que algo aconteceria na minha atrasada imagem. Enquanto acompanhava a confirmação do concreto presságio, ouvi rojões no estádio, no exato momento em que Léo, após receber o primeiro passe de Ganso, caminha com a bola para passar um e devolver de canhota pro Ganso. (aqui se pode ouvir os tais rojões: http://www.santosfc.com.br/multimidia/videos/) É um exemplo à minha maneira "criacionista". Não é possível compreender logicamente, mas se, mesmo sendo corintiano, quiser pensar racionalmente no meu exemplo santista, vai compreender que algo extracientíficordinário aconteceu. Não é segredo entre nós que as descobertas da Física são sempre antes fruto de uma busca por algo metafísico, ou não haveria descoberta alguma.
Não acho que o Santos seja algo sobrenatural, só acho que é um negócio Branco, Enevoado, Esquisito (em gringo!), cuja luz não quer dizer exatamente visibilidade ocular geométrica. Talvez seja isso que o Timão não entenda no Peixe. Sei que o Corinthians é uma "obra darwin-einsteniana, mancomunada com algum outro sábio dos botequins do submundo da paulicéia operária e oprimida do início do século passado". Agora, o seu "criacionismo" teve um tom involuntário de "não sei o que é o Santos e não quero saber". É normal assim. É como um amigo corintiano dizendo que eu nasci corintiano e só não o sou por causa dos meus pais. Sempre digo pra ele que diz isso porque não entende o que é o Santos. Ouço frequentemente dizerem por aí que não sabem de onde o Santos tira Pelé (Edson Arantes do Nascimento), Juary(Jorge dos Santos Filho)Robinho (Robson de Souza) e Neymar(da Silva Santos Júnior). Repare nos nomes. Eu sou criacionista? Ou o criacionismo tem um sentido tergiversado? Talvez eu esteja simplesmente querendo dizer que, tá, o Corinthians tem São Jorge, e o Santos tem Iemanjá.
O cientificismo incondicional da minha cabeça me trouxe o "meu" criacionismo como opção para não enlouquecer... e procurar o que a Ciência não tange.
Sobre o basquete, mal consigo pensar em suas existências além de Michael Jordan e Magic Johnson, no momento. E o "rúgbi"... gostei do negócio do "mais tempo se vestindo que jogando"!
Sobre o Policarpo Quaresma, ele que acuda o Corinthians! Rs... Porque no começo do jogo de hoje, começou a chover.
Muito grato pela interlocução.
O Gabriel comentou na postagem errada, mas este não foi o único equívoco... (risos)
Não foi o único porque, ao afirmar que o Timão é "obra darwin-einsteniana, mancomunada com algum outro sábio dos botequins do submundo da paulicéia operária e oprimida do início do século passado" não fiz qualquer comparação com o Santos para dizer se algo é melhor ou pior neste aspecto.
E não fiz porque, conforme escrevi, não cabem comparações nesta seara. Não cabem porque o Timão é incomparável, ora. (+ risos).
E que fique claro que esta afirmação também não faz qualquer majoração ou juízo de valor em relação a outros clubes, tampouco tira valor de qualquer um deles.
Isso, consequentemente, não compara com nem tira valor histórico ou futebolístico, criacionista ou evolucionista do Santos, favorito nas semifinais da Libertadores e favorito à conquista de mais um título sulamericano.
Felipe,
Minha cabeça de ex-goleiro ainda vibrava no sentido de dar mais uma oportunidade a Julio Cesar, mesmo desconfiado e irritado com as patacoadas dele, mas se fosse para substituir, eu sempre gostei do Danilo Fernandes, que tem mais ritmo de jogo, mais partidas pelo Corinthians e, por isso, passa um pouco mais de segurança.
Admito que o Cássio também é promissor e pode tornar-se um titular inconteste no futuro, mas ser "apenas" promissor ainda não me parece sufuciente para vestir a pesadíssima camisa do Timão.
O fato é que temos que contar com ele, que não é dos piores, eu sei, e também teremos que contar com gente como Alessandro (já que Tite não vai ter a coragem de lançar de vez o bom Marquinhos) e Fábio Santos, que eu não aturo.
É torcer para que Darwin, Marx e Ogum (dentro de nosso sincretismo corinthiano) sigam olhando por nós.
Darwin, Marx e Ogum, o sincretismo corintiano... hahaha... Adorei essa. Eu acrescentaria o nosso indispensável santo guerreiro, o nosso São Jorge. Saravá moçada. Que vem aí emoção boa.
Ogum é São Jorge, meu caro Felipe.
Ocorre que, entre o santo católico e a divindade de roupagem afro, eu fico com esta última.
E que siga nos protegendo independente de qualquer roupagem étnica ou sociológica, ou até mesmo religiosa.
Desejos de um ateu convicto que, mesmo assim, se rende a São Jorge, Ogum e outras divindades advindas do corinthianismo mais visceral.
Independentemente de crença ou ateísmo, só quero lembrar que S. Jorge é um pouco anterior ao Timão,viu? Ele teria vivido entre os séculos III e IV de nossa era. Aqui tem uma humilde pensata sobre esse personagem lendário:
http://fatosetc.blogspot.com.br/2012/04/dia-de-sao-jorge.html
No sincretismo brasileiro, São Jorge é Ogum na Umbanda, em SP, no Rio... Mas na Bahia, São Jorge é associado a Oxossi. Por outro lado, Ogum (uma divindade yorubá) é Santo Antonio no nordeste e, claro, na Bahia.
Eu tenho bastante simpatia, seja por S. Jorge, seja por Ogum.
A Fiel corintiana adotou S. Jorge, é vero, como o Flamengo adotou São Judas Tadeu, mas ninguém garante que, se esses santos existem, eles concordam em ter seus nomes usados em vão por fanáticos... rs.
abraços fiéis!
São Jorge é um pouco anterior ao Timão?
Não sei se concordo com essa afirmação. Afinal, devemos ter presente que o Timão é atemporal. (risos)
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