Water Lilies and Japanese Bridge (Claude Monet)
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Por José Arrabal
Em minha cidade há um rio de pequeno porte onde pescava e
nadava quando adolescente.
Hoje o rio está podre devido ao crescimento urbano lançando
esgoto em suas águas.
Às vezes ele revive, em ocasião de grandes chuvas, ao
inundar e invadir suas margens e ruas com água bastante para limpar a atual
podridão.
Nas pescarias de garoto meu sonho nunca realizado era pescar
um grande piau, peixe raro e bonito que pouco aparecia nas águas de Mimoso do
Sul. Eis que tempos depois, já adulto, fui de novo pescar em nosso rio com meu
filho Frederico ainda criança de uns 9 anos.
Levei uma bacia em que pretendia colocar vivos e nadando os
peixes pescados, mais para divertir Frederico.
Eis que, surpreendentemente, pesquei o tal piau sonhado. Era
grande e lindo, nunca antes visto desse tamanho, o bastante para compensar meus
frustrados desejos de adolescente.
Com todo o cuidado, tirei o peixe do anzol. Levei para a
bacia, onde ele permaneceu vivo e hábil, admirado por nós.
Voltei a pescar, orgulhoso, ainda sem bem saber o que fazer
com o piau...
...se o levava para casa, campeão exibindo a meus irmãos esse meu fruto da pescaria conquistado ou se retornava o peixe para as águas do rio.
Frederico resolveu o impasse. Com seus nove anos de vida
nascente, ao me perceber distraído de volta à pescaria, pegou o piau com suas
pequenas mãos e, quando vi, lá estava o belo peixe de novo nadando vivinho em
seu reino fluvial, salvo e livre, restando-me, em casa, contar prosa, numa
conversa de pescador sem provas... foi o que aconteceu e o que fiz...
...hoje certo de que desde então meu filho se preparava para
ser médico, pois é o que é, salvando vidas.
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