Mark Weisbrot comenta a visita de Aloysio Nunes Ferreira aos EUA: "ele se encontrou com Tom Shannon, a pessoa mais influente na América Latina dentro do Departamento de Estado".
Anhangabaú - 17/04/2016
Foto: Alexandre Maretti |
O Democracy Now (site independente de notícias dos Estados Unidos) publicou dia 20 uma entrevista, em forma de bate-papo, reunindo Andrew Fishman, repórter do The Intercept, e Mark Weisbrot, co-diretor do Centro para Pesquisas Econômicas e de Políticas Públicas (Center for Economic and Policy Research - CEPR), em Washington.
Eles falaram sobre o golpe no Brasil e sobre a visita de
Aloysio Nunes Ferreira aos Estados Unidos logo após a votação do impeachment na
Câmara dos Deputados dia 17. Destaco alguns trechos relevantes. A íntegra (em inglês) pode
ser acessada em link abaixo neste post.
Mark Weisbrot (sobre o golpe):
– Eu acho que é definitivamente um golpe. E, você sabe,
a mídia internacional realmente mudou nos últimos dois meses, e, especialmente,
mais recentemente. Eles vinham, como a mídia brasileira, apenas relatando o
processo como se este fosse um impeachment legítimo, um ponto de vista
pró-oposição. E agora você vê cada vez mais que eles estão dizendo que não é
legítimo, é claro, porque não há nenhuma acusação real contra a presidente que
justificasse impeachment. E é realmente
uma tentativa da oposição para reverter os resultados da eleição de 2014, para
tirar proveito do fato de que a economia está em recessão.
Mark Weisbrot (sobre a ida de Aloysio Nunes Ferreira aos EUA)
– A visita do senador Nunes, da oposição no Brasil, a
Washington esta semana não teve atenção da mídia, mas realmente deveria ter, porque
ele se encontrou com Tom Shannon. E Tom Shannon é a pessoa mais influente na
América Latina dentro do Departamento de Estado (..) E isso é extremamente importante,
porque Shannon não tinha que se encontrar com ele. Encontrando-se com o senador
brasileiro, ele envia uma mensagem, para todo mundo que está prestando atenção
no Brasil, de que, para os EUA, o processo no Brasil está OK.
Andrew Fishman:
– Este é um momento muito estranho no Brasil. Não é comum que
essas tensões e sentimentos tão fortes aconteçam nas ruas do país. Quer
dizer, por causa deste escândalo político que está acontecendo agora, tem
havido brigas na rua por questões políticas. Eu fui a um protesto no domingo na Praia
de Copacabana, no Rio. E eles tinham uma agenda no início da manhã, de
apoiadores do governo, ou pelo menos a favor da democracia. Colocaram
uma divisão no meio de Copacabana e o protesto terminou para que à tarde
houvesse o protesto pró-impeachment, para diminuir o potencial de violência.
Isso é muito estranho no Brasil. Isto não é algo que tenha acontecido, que se
saiba. Dessa forma, as altas tensões, o
elevado potencial para a violência, a retórica extrema é muito semelhante ao
que está acontecendo com o fenômeno Trump nos Estados Unidos.
Mark Weisbrot (sobre os governos do PT e a crise econômica
atual)
– (Sob o Partido dos Trabalhadores) Foi uma enorme mudança,
sabe? Eles reduziram a pobreza em 55 por cento, a pobreza extrema em até 65 por
cento, dobraram o salário mínimo real, reduziram significativamente a
desigualdade. E isso não tinha acontecido. O Brasil passou por 23 anos com
quase nenhum crescimento da renda per capita, você sabe, antes da sua eleição.
Então, eles foram muito bem. Eu acho que eles cometeram erros. E, na verdade,
Lula disse isso, outro dia, que Dilma cometeu um erro ao tentar agradar os
bancos. E isso tem sido o seu problema nos últimos anos. Basicamente, eles
implementaram políticas de austeridade, aumentaram as taxas de juros, cortaram
o investimento público enormemente, e realmente empurrou-se ainda mais a
economia para a recessão. Esse é o grande erro que eles cometeram. Não
estaríamos tendo estes problemas se não fosse por isso.
**Leia aqui a íntegra da publicação do Democracy Now
**Leia aqui a íntegra da publicação do Democracy Now
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