sábado, 23 de abril de 2016

"Definitivamente é um golpe", diz pesquisador dos Estados Unidos sobre impeachment


Mark Weisbrot comenta a visita de Aloysio Nunes Ferreira aos EUA: "ele se encontrou com Tom Shannon, a pessoa mais influente na América Latina dentro do Departamento de Estado".


Anhangabaú - 17/04/2016
Foto: Alexandre Maretti

O Democracy Now (site independente de notícias dos Estados Unidos) publicou dia 20 uma entrevista, em forma de bate-papo, reunindo  Andrew Fishman, repórter do The Intercept, e Mark Weisbrot, co-diretor do Centro para Pesquisas Econômicas e de Políticas Públicas (Center for Economic and Policy Research - CEPR), em Washington.

Eles falaram sobre o golpe no Brasil e sobre a visita de Aloysio Nunes Ferreira aos Estados Unidos logo após a votação do impeachment na Câmara dos Deputados dia 17. Destaco alguns trechos relevantes. A íntegra (em inglês) pode ser acessada em link abaixo neste post.

Mark Weisbrot (sobre o golpe):

 – Eu acho que é definitivamente um golpe. E, você sabe, a mídia internacional realmente mudou nos últimos dois meses, e, especialmente, mais recentemente. Eles vinham, como a mídia brasileira, apenas relatando o processo como se este fosse um impeachment legítimo, um ponto de vista pró-oposição. E agora você vê cada vez mais que eles estão dizendo que não é legítimo, é claro, porque não há nenhuma acusação real contra a presidente que justificasse impeachment.  E é realmente uma tentativa da oposição para reverter os resultados da eleição de 2014, para tirar proveito do fato de que a economia está em recessão.

Mark Weisbrot (sobre a ida de Aloysio Nunes Ferreira aos EUA)

 – A visita do senador Nunes, da oposição no Brasil, a Washington esta semana não teve atenção da mídia, mas realmente deveria ter, porque ele se encontrou com Tom Shannon. E Tom Shannon é a pessoa mais influente na América Latina dentro do Departamento de Estado (..) E isso é extremamente importante, porque Shannon não tinha que se encontrar com ele. Encontrando-se com o senador brasileiro, ele envia uma mensagem, para todo mundo que está prestando atenção no Brasil, de que, para os EUA, o processo no Brasil está OK.

Andrew Fishman:

   Este é um momento muito estranho no Brasil. Não é comum que essas tensões e sentimentos tão fortes aconteçam nas ruas do país. Quer dizer, por causa deste escândalo político que está acontecendo agora, tem havido brigas na rua por questões políticas. Eu fui a um protesto no domingo na Praia de Copacabana, no Rio. E eles tinham uma agenda no início da manhã, de apoiadores do governo, ou pelo menos a favor da democracia. Colocaram uma divisão no meio de Copacabana e o protesto terminou para que à tarde houvesse o protesto pró-impeachment, para diminuir o potencial de violência. Isso é muito estranho no Brasil. Isto não é algo que tenha acontecido, que se saiba.  Dessa forma, as altas tensões, o elevado potencial para a violência, a retórica extrema é muito semelhante ao que está acontecendo com o fenômeno Trump nos Estados Unidos.

Mark Weisbrot (sobre os governos do PT e a crise econômica atual)

  (Sob o Partido dos Trabalhadores) Foi uma enorme mudança, sabe? Eles reduziram a pobreza em 55 por cento, a pobreza extrema em até 65 por cento, dobraram o salário mínimo real, reduziram significativamente a desigualdade. E isso não tinha acontecido. O Brasil passou por 23 anos com quase nenhum crescimento da renda per capita, você sabe, antes da sua eleição. Então, eles foram muito bem. Eu acho que eles cometeram erros. E, na verdade, Lula disse isso, outro dia, que Dilma cometeu um erro ao tentar agradar os bancos. E isso tem sido o seu problema nos últimos anos. Basicamente, eles implementaram políticas de austeridade, aumentaram as taxas de juros, cortaram o investimento público enormemente, e realmente empurrou-se ainda mais a economia para a recessão. Esse é o grande erro que eles cometeram. Não estaríamos tendo estes problemas se não fosse por isso.

**Leia aqui a íntegra da publicação do Democracy Now

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