Quando você quer saber se há notícias positivas para o país,
uma das maneiras mais eficientes de se conseguir essa informação é visitar
colunas e blogs de gente como Josias de Souza. Hoje o país amanheceu com a
notícia de que o conselheiro-relator Valter Shuenquener de Araújo, do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), decidira na noite anterior suspender o
depoimento que o ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, dariam pela
manhã, sobre o caso do Condomínio Solaris.
"64 neles", diz camiseta de manifestante em frente ao Fórum onde Lula não depôs |
O aspecto positivo da notícia se revelava logo de cara no título
do post do jornalista da Folha, publicado às 06:19 da manhã, que registrava seu
inconformismo indisfarçado já no título: “Fuga de depoimento carboniza imagem
de Lula”.
“Lula sempre foi visto pelos devotos que o seguem como um
mito. Ao fugir dos questionamentos do promotor Cassio Conserino, a quem acusa
de perseguição, portou-se como alguém que descobriu que também está sujeito à
condição humana. Potencializou, de resto, a impressão de que não dispõe de uma
defesa consistente”, vociferou o jornalista.
Para Josias de Souza, como para Ricardo Noblat e toda a
inumerável lista de assemelhados, o desrespeito à presunção de inocência, ao
direito de defesa, à garantia da imparcialidade da jurisdição e outros
princípios constitucionais, fundamentais a uma nação sadia, de nada valem diante da urgência em devolver o país a seus verdadeiros donos, as oligarquias
de que falava Leonel Brizola e, mais além, aos Estados Unidos da América, cujos
interesses estão acima de tudo para essa oligarquia apátrida.
Assim como de nada vale para eles o manifesto de centenas de
advogados e juristas importantes, divulgado em janeiro, no qual manifestaram “publicamente
indignação e repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias
que está contaminando o sistema de justiça do país”.
Josias de Souza, Ricardo Noblat e assemelhados são adeptos
do jornalismo “imparcial”, aquele mesmo que aprendíamos na faculdade como sendo
um dos princípios básicos da profissão, mas depois soubemos tratar-se de uma
hipótese improvável.
“Na fase em que ainda tocava trombone sob o telhado de
vidro, Lula se comportava como um homem que lambe o dedo depois de enfiá-lo num
favo de mel”, continua Josias em seu irrefreável inconformismo diante de uma
decisão que lhe tirou o doce da boca, ele que já esperava se lambuzar com o
espetáculo midiático do depoimento de Lula que não houve, por enquanto.
Mas, acima de tudo, o que mais impressiona na passagem do
parágrafo acima é o ódio manifesto nas palavras do blogueiro-jornalista da
Folha. Um ódio verdadeiramente assustador, o mesmo que alimentou durante anos a
horda de neofascistas que hoje atacam pessoas simplesmente pela
cor da camisa ou da bandeira que essas pessoas usam.
Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados
Cunha e oposição tiveram que engolir Picciani |
Mas o dia de quarta-feira (17) prosseguiu, e, como se não
bastasse a liminar concedida pelo CNMP suspendendo o depoimento de Lula, eis
que Leonardo Picciani, o candidato de Dilma Rousseff, venceu a disputa contra Hugo
Motta, apoiado por Eduardo Cunha, e se manteve na liderança do PMDB na Câmara. Mais
uma derrota que Eduardo Cunha sentiu como um soco no fígado desferido por um
George Foreman.
Um líder de bancada tem inúmeras responsabilidades, como
indicar os candidatos a presidente das comissões a que tem direito seu partido
ou bloco, solicitar votação secreta, regime de prioridade para propostas,
adiamento de votação de propostas em regime de urgência etc. É um aliado e
tanto que Dilma continua a ter. Por isso, Josias de Souza mais uma vez exprime
o seu ódio incontível: “Ao marchar de forma resoluta em direção à desagregação,
o PMDB está apenas homenageando a sua índole”.
É demais, mesmo. Duas notícias boas para o governo no mesmo dia
ninguém aguenta.
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