terça-feira, 18 de setembro de 2012
Haddad parte para embate, Serra se esquiva e Russomanno sofre poucos ataques em debate
Da Rede Brasil Atual
São Paulo – Mais quente que os anteriores, o debate promovido na noite de segunda-feira (17) entre os candidatos à prefeitura de São Paulo marcou uma clara mudança de postura do petista Fernando Haddad, mais afirmativo, e a tendência de José Serra de se esquivar de confrontos, evitando apresentar perguntas aos rivais diretos.
O encontro não começou como se esperava. Com um formato inusitado, o primeiro bloco teve início com uma pergunta do jornalista Mário Sérgio Conti para todos os candidatos, que deveriam responder sobre o porquê da liderança de Russomanno, o que ensejou a oportunidade para todos os contendores apontarem suas armas ao candidato do PRB. A pergunta foi: "O que pensa da trajetória política e o perfil de Russomano e por que ele lidera as pesquisas?"
O encontro foi promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, pela TV Cultura e pelo YouTube em um teatro no centro da capital. Participaram os candidatos representantes de oito partidos com assento na Câmara dos Deputados: Celo Russomanno (PRB), Carlos Giannazi (PSOL), Fernando Haddad (PT), José Serra (PSDB), Gabriel Chalita (PMDB), Levy Fidelix (PRTB), Paulinho da Força (PDT) e Soninha Francine (PPS).
Na primeira pergunta, Fidélix indagou se Russomanno está preparado para governar a cidade. Serra e Haddad disseram que a eleição ainda não está definida. Paulinho declarou achar a pergunta “estranha”. Soninha, que nesse momento deu a resposta mais arguta, atribuiu a popularidade de Russomanno à exposição midiática durante muitos anos, e afirmou que ele foi subestimado, livrando-se das trocas de acusações.
Ao contrário de debates anteriores, nos quais ficou na defensiva e pouco agrediu, Fernando Haddad adotou postura mais afirmativa e polemizou com Serra. Por exemplo, quando Soninha, cujo partido é aliado do PSDB de Serra, perguntou ao petista por que Lula o escolheu para ser candidato, e não a ex-prefeita Marta Suplicy. A candidata do PPS aproveitou para emendar que Marta foi preterida e, sob “ordem de Lula”, trocando cargo por apoio (em alusão a sua nomeação ao Ministério da Cultura), veio a São Paulo apoiar Haddad. Este retrucou dizendo que a ex-petista estava sendo deselegante com a ex-prefeita e mulher Marta Suplicy. “Marta não recebe ordens”, disse Haddad. Mas, perguntada sobre que iniciativas de gestões passadas manteria se eleita, Soninha citou os corredores de ônibus criados na gestão da atual ministra da Cultura.
Haddad aproveitou para criticar Serra. Afirmou que foi escolhido por Lula “para não acontecer com o Senado o que aconteceu na prefeitura de São Paulo” (lembrando que o tucano renunciou à prefeitura em 2006 para se candidatar ao governo do estado), e atribuiu a “situação dramática” da capital ao fato.
Bastante questionado sobre o "namoro” com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o acordo com o deputado federal Paulo Maluf (PP), o petista respondeu, como em debates anteriores, que o PP faz parte da base de Lula desde 2004 e integra o Ministério das Cidades, e destacou que isso facilitará a chegada de recursos e projetos para São Paulo, o que não se dá hoje porque, segundo ele, não há boa vontade da prefeitura.
Quando pôde perguntar ao oponente do PSDB, o candidato do PT afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apoiou a candidatura tucana e Serra achou normal. Se é normal, argumentou Haddad, por que Serra declarou que Dilma “meteu o bico” ao apoiar a candidatura do PT em São Paulo? Serra, adotando postura cautelosa, como de resto em todo o debate, respondeu que usou “uma expressão citada comumente” e que ela “não tem conotação agressiva”. Mas alfinetou falando que Dilma mexer no Ministério da Cultura em troca de Marta apoiar a candidatura Haddad é usar a máquina do governo. Na mesma fala, Haddad tocou num ponto sensível de Serra, dizendo que ele não agrega, remetendo ao descontentamento no próprio PSDB com seu candidato, considerado responsável pela divisão do partido.
Serra perguntou a Russomanno se ele pretende nomear integrantes da Igreja Universal caso seja eleito. O candidato do PRB garantiu que não, e demonstrou a habilidade usual: "não existe guerra religiosa em São Paulo. As religiões se respeitam", disse, declarando-se católico e lembrando que o Brasil é um Estado laico. Voltou a citar o ex-vice-presidente José Alencar, “fundador do PRB”, católico fervoroso".
O candidato do PSDB foi questionado pela bancada de jornalistas sobre a polêmica declaração de Fernando Henrique Cardoso, que recentemente afirmou haver “fadiga” em São Paulo em relação a seus governantes, o que causou mal estar nas hostes tucanas. “O eleitor está cansado do senhor?”, ouviu o tucano, e respondeu que FHC não disse isso. Sobre sua rejeição (46%, segundo o Datafolha) voltou a afirmar que a decisão se dá no dia da eleição.
O peemedebista Chalita foi inquirido sobre quem apoiaria no segundo turno, e não respondeu, garantindo ter certeza de que estará na disputa.
Gianazzi não poupou criticas e ataques a Chalita, Haddad e Serra. Disse que, contra as “alianças fisiológicas”, seu partido, o PSOL, está com o povo. “Defendemos a aliança com a população e a sociedade civil”. Ele defendeu a eleição direta para subprefeitos e o cancelamento da dívida da prefeitura.
A proposta mais excêntrica, de novo, foi de Fidélix. Ele propôs os motomédicos para resolver parte dos problemas da saúde.
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