Você já ouviu falar de Os Óculos do Vovô? É uma comédia de quatro minutos e 40 segundos, dirigida por Francisco Santos em 1913. É o filme de ficção brasileiro, preservado, mais antigo. Ou de Fragmentos da Vida, drama social de 1929 dirigido por José Medina? Ou de O Ébrio Vicente Celestino (de Jaurez Maisner, 1946), que obviamente tem como tema o velho cantor? (lembro até hoje da notícia da morte de Vicente Celestino -- estava no barbeiro, com meu pai, quando ouvi no rádio --, e depois chegar em casa e contar à minha avó Emiliana, que adorava o romântico com voz de tenor).
Legenda do drama social Fragmentos da Vida, de 1929 |
Esses são apenas três preciosidades entre os 1.235 filmes
nacionais disponíveis na íntegra na Cinemateca Popular Brasileira, canal criado
no Youtube e organizado pelo Armazém Memória.
Pode-se, por exemplo, assistir a vários filmes
fundamentais de Nelson Pereira dos Santos, diretor fundador do Cinema
Novo. Rio 40 Graus (1955), que incorporava as técnicas neorrealistas
desenvolvidas na Itália, ou Vidas Secas (1963), baseado na obra de Graciliano Ramos e reconhecido como a
obra-prima do cineasta, são alguns de seus muitos filmes “em cartaz” no canal
da Cinemateca Popular Brasileira.
A obra-prima Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos |
A filmografia do revolucionário Glauber Rocha também está no
acervo, com filmes como Deus e o Diabo na Terra do
Sol (1964), Terra em Transe (1967) e muitos outros, entre os
quais o mítico Di, ou Di-Glauber, concebido pela mente genial e inquieta de
Glauber no dia da morte do artista plástico Di Cavalcanti, em 1976, que ficou
proibido por décadas, em decorrência de ação judicial da família do artista, e
só pôde ser conhecido pelo público pela internet, e mesmo assim foi visto por
muito poucas pessoas. O filme ganhou o Prêmio Especial do Júri do Festival de
Cannes, em 1977, pouco antes de ser proibido. Glauber assim se defendeu das
alegações da família de Di, que considerou que a obra desrespeitava o artista:
"filmar meu amigo Di morto é um ato de humor modernista-surrealista que se
permite entre artistas renascentes".
A riquíssima lista disponível na Cinemateca Popular
Brasileira – que nada mais é do que a reunião e organização de filmes
dispersos no Youtube – é dividida em diversas categorias, entre
outras, como “Longa Metragem por Gênero”, “Diretores e Diretoras”,
“Literatura e Teatro no Cinema”, “Literatura e Teatro no Cinema” ou por ordem
cronológica, pela qual podem ser acessados muitos filmes da história da
filmografia nacional.
A reunião do canal utiliza como fonte de pesquisa
o Dicionário de Filmes Brasileiros, de Antônio Leão da Silva Neto
(1908-2002), e os catálogos da Agência Nacional do Cinema (Ancine, 2002-2013).
A extensa coleção, que contempla o cinema brasileiro de
todas as décadas dos séculos 20 e 21, permite fazer uma verdadeira viagem
estética e histórica pela filmografia nacional.
Vamos então ao assunto. Se uma imagem vale mais que mil
palavras, paremos de falar. Você pode assistir a um dos mais de 1.200 filmes a
partir do link abaixo.
Boa viagem.
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Um comentário:
Que legal!!
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