terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Um papo exclusivo com Luiz Gonzaga Belluzzo sobre o Palmeiras



Reprodução


Conversei na sexta-feira (19) com o ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, para uma matéria de economia para a RBA. Na oportunidade, tivemos um breve colóquio sobre algo menos importante, mas que ele conhece tanto como economia: como vê hoje o clube que presidiu no biênio 2009/2010. “Acho que o Palmeiras está reformulando o elenco ao meu ver de uma maneira que dá esperança de que o time não tenha um desempenho tão ruim quanto teve em 2014, porque contrataram um profissional, Alexandre Matos (ex diretor de futebol do Cruzeiro), que pelo retrospecto é um sujeito judicioso. Claro, com limitações que têm que ser impostas mesmo. Mas ele tem um retrospecto que o recomenda. O Palmeiras está fazendo contratações que, no ambiente do futebol brasileiro hoje, são bastante razoáveis”, diz Belluzzo.

Sem citar nomes, o economista afirma que o presidente do clube, Paulo Nobre, ouviu pessoas sem a estatura digna do clube. “Como disse o Brunoro, ele se aconselhou com pessoas que não tinham gabarito suficiente para serem assessores, conselheiros de um clube grande como o Palmeiras. O aconselharam a encolher o clube. Ele já percebeu, espero que tenha percebido, e a torcida do Palmeiras não admite isso”, acredita.

O Alviverde anunciou ontem a contratação do meia Zé Roberto (ex-Grêmio), de 40 anos, e o atacante Leandro, destaque da Chapecoense no Campeonato Brasileiro. O técnico Oswaldo de Oliveira foi anunciado como novo treinador da equipe na semana passada.

Ainda sobre Paulo Nobre, Belluzzo diz que o presidente de um clube grande precisa pensar de acordo com essa grandeza. “Se você se fechar dentro do clube e ficar se aconselhando com quem não tem condições de dirigir um carrinho de pipoca, é difícil... O cara pode até ter superávit com um carrinho de pipoca, mas é um carrinho de pipoca.”

Para Belluzzo, a torcida do Alviverde “não admite” um time “mais ou menos”, que tem sido a política no clube nas últimas temporadas.

Ele se diz esperançoso de que o Palmeiras consiga finalmente se manter com uma estrutura profissional e acha que a Arena pode ser um pilar para isso. “O Palmeiras é um dos poucos clubes, talvez o único no Brasil, que tenha construído uma fonte alternativa de receitas adicional (a Arena) num momento em que o futebol brasileiro está com uma reputação muito ruim. O estádio foi pensado pra isso. Mas precisa conseguir parceiros, ir atrás de patrocinadores”, diz o ex-dirigente, que bancou a ideia da Arena quando presidiu a agremiação.

4 comentários:

marco antonio ferreira disse...

Pois é, um time que tem uma puta estrutura como o verde, um estádio no centro da cidade, uma carteira de títulos, pra usar um termo de economista e andar assim, engatinhando? Realmente.... pra mim a zica veio com esse negócio de italiianidade, sei lá que coisa é essa, e mr Beluzzo no aniversário do Palmeirassss, citou esta bobagem. É ese tipo de coisa que faz que o presidente do clube escute mentecaptos , que não sabem fazer nem pizza, fala sério! Per me,basta, alora basta!

Paulo M disse...

A gestão do Belluzzo como presidente do Palmeiras em 2009-2010 ficou marcada pela passionalidade. Há quem entenda que essa passionalidade o levou a excessos que prejudicaram sua administração. Outros acham que ela aproximou o Palmeiras de seu torcedor, pela sinceridade e pela informalidade com que Belluzzo geriu o clube em dois anos de mandato. Sou desta segunda opinião. Ele viabilizou a construção da Arena, que bem ou mal deve injetar dinheiro nos cofres palestrinos futuramente, modernizou o CT (com a preciosa ajuda de Emerson Leão), deu sequência a um elenco pré-montado já em 2008 pelo Afonso Della Monica, e fez publicamente denúncias importantes. Por exemplo, durante o campeonato brasileiro de 2009, disse, sem cerimônias, ter ouvido de alguém do STJD que Vagner Love seria punido num julgamento porque usava trancinhas verdes e não vermelhas e pretas, e que estava decepcionado com as coisas do futebol. Foi um serviço de Belluzzo não só aos torcedores do Palmeiras, mas a todos os outros que ainda zelam pelo jogo honesto e não ficam hipocritamente reclamando de políticos que julgam corruptos. Bem, o Flamengo foi o campeão brasileiro no ano.

Paulo Nobre "se aconselhou com pessoas que não tinham gabarito suficiente para serem assessores". Virou capacho do Mustafá Contursi, um homem enorme, simpatizante de Augusto Pinochet e investigado pela polícia civil por suposto envolvimento em corrupção. Contursi ainda dá as cartas no Palmeiras. Também espero que o Nobre tenha percebido.

Alexandre Maretti disse...

è isso aí, Marco, alora basta, tutti quanti....Italiano adora mandar, Beluzzo como bom italiano ou descendente, não foge à regra. Saco cheio dessa historia. Mas sou das duas opiniões, Paulinho, mas além de ser passional, Belluzzo PENSOU entender de futebol mais do que um técnico. Teve tudo pra dar certo, mas pecou num detalhe óbvio. Errou rotundamente quando demitiu Luxemburgo na época. A torcida do Palmeiras e conselheiros, acreditaram muito na sua gestão, mas, como ele mesmo diz, "sou muito amador para dirigir o Palmeiras". Reflexão tardia. Até hoje, por isso, na minha opinião, o Palmeiras vem amargando vexames, um atrás do outro. Mas tem as ressalvas, como "viabilizou a construção da Arena, que bem ou mal deve injetar dinheiro nos cofres palestrinos futuramente, modernizou o CT (com a preciosa ajuda de Emerson Leão), deu sequência a um elenco pré-montado já em 2008 pelo Afonso Della Monica, e fez publicamente denúncias importantes." Considero Belluzzo uma das poucas pessoas com dignidade e respeito sim, mas como conselheiro ou economista. Como presidente do Palmeiras, talvez precisasse de parcerias e conselhos de profissionais menos egocêntricos e mais profissionais. Agora pode ser uma boa hora se Paulo Nobre tiver a intenção de se desvencilhar desse perrengue do Contursi, argh!!!

Ótima entrevista, concordo com tudo que ele diz.

Sérgio Jarola disse...

Concordo com Alexandre em gênero, número e grau.