Em 2014, quando Dilma Rousseff chamou para consultas seu embaixador em Tel Aviv, a diplomacia israelense disse que o Brasil era um "anão diplomático", nas palavras do então porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor. O motivo da agressão era o fato de a presidente brasileira ter repudiado o uso desproporcional da força sionista contra os palestinos em Gaza. Três anos depois, o Brasil de fato é um "anão diplomático". Por ironia da história, justamente porque o governo Dilma foi derrubado por um golpe parlamentar que levou Temer ao poder e transformou o Brasil nesse anão.
Em termos de política externa, o governo Temer é pequeno, de
fato um anão diplomático. Não apenas, mas principalmente, por sua política
ideologizada e medíocre. Por exemplo ao liderar um boicote mesquinho contra a Venezuela, junto
com a Argentina de Mauricio Macri, jogando no lixo a própria
tradição do Itamaraty, que sempre primou pela diplomacia e o equilíbrio -- seja com Collor, Fernando Henrique, Lula ou Dilma.
"Temos uma posição, no caso da Venezuela, muito
equivocada. Tudo para procurar se alinhar com a política exterior americana (...) Estamos manchando a imagem do Brasil com um
país que respeita os outros", me disse o diplomata Samuel Pinheiro
Guimarães em entrevista para a RBA.
Mas o governo é um "anão diplomático" na política
externa não só pela ideologização, como também por protagonizar episódios
rocambolescos, risíveis mesmo, na pessoa do próprio presidente da República. No
final de junho, em visita oficial à Noruega, Temer chamou o rei norueguês
Harald V de "rei da Suécia". Isso num evento oficial, dirigindo-se à
primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, em pessoa.
Para não dizer que é perseguição de jornalista de esquerda, o incensado colunista
Bernardo Mello Franco, da Folha de S. Paulo, anotou (em 23 de junho): "A
viagem de Michel Temer à Europa produziu um vexame internacional. Enquanto o
presidente passeava em Oslo, o governo da Noruega anunciou que cortará pela
metade a ajuda ao Fundo Amazônia. O motivo é o fracasso do Brasil no combate ao
desmatamento".
"Os jovens estão muito preocupados com a desmoralização do Estado brasileiro em nível
internacional", disse Samuel Pinheiro Guimarães na entrevista acima citada, ao comentar o manifesto de diplomatas brasileiros em nome do "restabelecimento do pacto democrático" do país, após a violenta repressão às manifestações em Brasília no final de maio.
E assim caminha o Brasil na segunda década do século 21.
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