Reprodução
Muita gente acha que a seleção brasileira, cada vez mais, só serve para atrapalhar o futebol no país. Para os torcedores do Santos, isso cala mais fundo atualmente. O clube fez um esforço inédito, manteve o craque Neymar contra a investida dos poderosos Chelsea, Barcelona e Real Madrid e, no entanto, o atleta desfalcou a equipe 12 vezes durante o Brasileirão.
O Santos ganhou no Campeonato Brasileiro de 2012 cerca de 70% dos pontos que disputou com Neymar no time (faço uma estimativa tendo em mente que, em setembro, o índice era realmente de 74% dos pontos conquistados com ele em campo, e pífios 24,5% sem o craque). O índice de aproveitamento da equipe com Neymar, em torno de 70%, é o índice de aproveitamento do Fluminense, campeão brasileiro.
Voltando ao fato do dia, a súbita queda de Mano Menezes vai fazer com que as apostas sobre seu substituto se prolonguem até janeiro, quando a CBF disse que vai anunciar o treinador que comandará o balcão de negócios na Copa do Mundo. Para quem ainda torce muito pela seleção brasileira (ainda há pessoas assim?), ou no mínimo tem interesse por ela, a queda do treinador deve ser comemorada, já que com Mano acho que ganhar a Copa seria muito difícil.
No caso deste blogueiro, penso que há duas maneiras de raciocinar sobre o tema queda de Mano Menezes e quem será o sucessor.
Raciocínio 1: esquecendo o lado “balcão de negócios”
Deixando de lado por um momento o caráter balcão de negócios de tudo isso, só pensando em futebol, temos algumas opções: Vanderlei Luxemburgo? Felipão? Muricy Ramalho? Abel Braga? Tite? Pep Guardiola? Eu preferiria Luxemburgo. Na seleção ele teria que render e para isso precisaria esquecer seu complexo de manager por (apenas) menos de dois anos, até a Copa do Mundo. Teria de ser uma gestão pragmática, mas o treinador entende muito de futebol e seria o candidato a apresentar um time mais bonito de se ver jogar.
Falam que Felipão é favorito. Será? Primeiro, opinião pessoal, escola gaúcha no me gusta. Portanto eu tiraria da lista de cara também Tite. Em segundo lugar, independentemente do que eu acho, com paulistas aparentemente no comando da CBF (Marin, Marco Polo Del Nero), será que optariam por uma solução gaúcha para o comando técnico? Pode ser que sim, pode ser que não. Meu palpite é que não. Ou será que torço pra que não?
Enfim, Muricy e Luxemburgo seriam candidatos fortes numa solução paulista para a seleção. Embora carioca, Luxemburgo de certa forma se “paulistanizou”, já que suas grandes conquistas foram em São Paulo por três grandes clubes do estado: Palmeiras (1993/94 e 96), Corinthians (1998) e Santos (2004 e o menos brilhante Peixe de 2006/07).
São só especulações, mas eu não acharia a solução Guardiola ruim. Consta que inclusive ele teria se oferecido ao cargo. É preciso parar com esse corporativismo meio falso. Todos os mais cotados treinadores brasileiros cobiçam o posto vago, embora se declarem condoídos com a demissão do colega Mano. Já Guardiola com certeza faria algo mais inquietante, eu diria, do que essa mesmice de Muricy, Tite e Felipão, e até de Abel Braga. Futebolisticamente falando, por mim, ficaria entre Vanderlei e Pep. Ponto.
Raciocínio 2 – Pensando como santista
Neste caso, meu raciocínio já seria outro. Como torcedor do Peixe, eu indicaria Muricy para substituir Mano Menezes. Seria a forma mais rápida e indolor, sem traumas, de meu time se livrar do treinador. Que tem seus méritos, reconheço, mas não é um estilo que combina com o Santos. O futebol dos seus times é feio, e eu não gosto do meu time jogando feio. (Não vibrei com Parreira em 94, mas vibrei com Felipão em 2002. Porém, vibrei menos pelo treinador do que pelos achados de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo Nazário nos jogos mais importantes, contra Inglaterra e Alemanha – neste, 2 a 0 na final, dois gols de Ronaldo. Vibrei até com Cafu erguendo a taça. Mas não com Scolari, que, ainda mais, hoje está totalmente ultrapassado.)
Indo para a seleção, portanto, Muricy ficaria feliz, realizaria o sonho de todo técnico, e o Peixe poderia retomar o rumo do futebol que tem a ver com suas tradições e sua escola, as quais o técnico são-paulino é incapaz de entender, pelo menos segundo o que demonstrou até aqui, um ano e sete meses após assumir.