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São Paulo – O cineasta Hector Babenco morreu na noite de
ontem (13), em São Paulo, de parada cardíaca, aos 70 anos. Ele era argentino (nascido em Mar
del Plata) naturalizado brasileiro e radicado no Brasil há 50 anos.
O diretor tornou-se um dos principais diretores do cinema
nacional. Dirigiu Pixote – a Lei do Mais Fraco (1982), O Beijo
da Mulher Aranha (1985, indicado ao Oscar de Melhor Diretor), Carandiru (2003), Lúcio
Flávio - O Passageiro da Agonia (1977), Ironweed (1987), Brincando
nos Campos do Senhor (1991) e Coração Iluminado (1998). O último
longa de Babenco, Meu Amigo Hindu, foi lançado em 2015.
Eu não sou ufanista, do tipo que defende o cinema nacional
por ser nacional, o que me parece uma miopia crítica. Pelo contrário, o cinema brasileiro
muitas vezes me irrita, dadas a precariedade técnica de incontáveis filmes, a
carga extremamente teatral das direções e interpretações, a exploração
desmedida e ordinária do sexo, além do abuso de temas relacionados à violência.
Mas a competência de Babenco fazia dele um diretor
diferenciado. Dois de seus principais filmes, Pixote e Lúcio Flávio, me marcaram justamente por tratar da violência com extrema lucidez. São cinema,
e não teatro filmado. Abordam a violência sem exageros vulgares. Não vi Carandiru: na época (2003), como agora, estava cansado da estética da violência do cinema nacional e me parecia que Babeco tinha se rendido a um gênero de filme ("favela movie") que explorava a violência com objetivos comerciais então dominantes.
O cinema brasileiro perde um de seus expoentes.