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domingo, 19 de abril de 2015

Santos x Palmeiras, finalmente a esperada final


Reprodução Facebook

Desde a época de Pelé e Ademir da Guia, seja de que campeonato for, não havia uma final entre Santos e Palmeiras (se alguém tiver informação diferente, favor informar). Será a bem-vinda final do Paulistão 2015.

Esse é um dos últimos grandes tabus da história do futebol brasileiro.

Se o gol de placa do Geovânio (abaixo), o primeiro da vitória de 2 a 1 do Santos contra o São Paulo na Vila, fosse do Messi, a mídia (leia-se ESPN) ia ficar um mês reproduzindo como gol de craque. Mas foi do Geovânio. E no Paulistão, não na Champions League.




E o Ricardo Oliveira, brincadeira. Esse é o 9.

***
O jogo que terminou com a vitória do Palmeiras sobre o Corinthians, no Itaquerão, nos pênaltis (depois de um espetacular 2 a 2) foi melhor do que Santos 2 x 1 São Paulo. O Palmeiras tem sorte de ter o goleiro Fernando Praz, que frangou no segundo gol do Corinthians, mas salvou a pátria nos pênaltis.

Se dependesse do medíocre palmeirense “Robinho”, que bateu aquele pênalti nas nuvens, o Palmeiras tinha caído fora.

Robinho só tem um, e é do Santos. Esse do Palmeiras é Robson, como era chamado no Santos, onde nunca fez nada digno de nota.

PS (às 23:53)- O Uol divulga a informação de que "Palmeiras levou a melhor sobre o Santos na final do Paulistão de 1959". Essa informação é uma meia-verdade. O Paulista de 1959 foi disputado em pontos corridos. Palmeiras e Santos terminaram empatados e por isso tiveram de fazer uma disputa-desempate.

domingo, 5 de maio de 2013

Futebol: uma semana pra ninguém botar defeito



Reprodução


Ótima semana pra quem gosta de futebol. Vários grandes jogos e/ou partidas decisivas, duelos clássicos, disputas de pênaltis, rivalidades. O Palmeiras, que só precisa vencer o Tijuana em São Paulo para ir às quartas da Libertadores, e o Santos, na final do Paulista, se deram bem; o Corinthians, mais ou menos, pois patinou na Bombonera, mas pode reverter no Pacaembu e está na final do Paulista contra o Peixe; e o São Paulo, fechando pra balanço, está virtualmente fora da Libertadores e eliminado pelo Corinthians na semifinal do estadual.

De quebra, esta semana vimos os pernósticos Real Madrid e Barcelona afundarem na Liga dos Campeões.

Abaixo, como destaque da semana, pela categoria, o gol de Ronaldinho Gaúcho, o primeiro do Galo contra o São Paulo na quinta-feira, 2, uma cabeçada como uma tacada de sinuca, com precisão e categoria raras.




Pela ordem:

São Paulo 1 x 2 Atlético-MG

O grande jogo da semana foi São Paulo 1 x 2 Atlético-MG pelas oitavas da Libertadores. Não só pela partida em si, a mais bem jogada e técnica, mas principalmente pelo futebol que o Galo de Cuca vem apresentando, sem dúvida nenhuma o melhor time do país no momento. O Atlético de Diego Tardelli, Ronaldinho Gaúcho, Bernard, o zagueiro Réver, os eficientíssimos Richarlyson (lateral esquerdo, ex-São Paulo) e Pierre (volante, ex-Palmeiras) pôs o Tricolor na roda em pleno Morumbi. A mídia paulista forçou bastante a ideia de que o time do Jd. Leonor perdeu por causa da expulsão de Lúcio. Mas não vi bem assim. O que vi foi um vareio do Galo, que “cozinhou o galo” no segundo tempo após fazer 2 a 1 aos 13’. Deu olé. Claro que o time paulista exerceu no início do jogo a pressão esperada e normal de um mandante num jogo como esse. Mas com Lúcio ou sem Lúcio, o Galo ganharia. Fez o que quis e o necessário, trocou passes com precisão impressionante, ditou o ritmo da partida e virtualmente eliminou o São Paulo da Libertadores. Os belos gols de Gaúcho (acima), com a maestria conhecida, e Tardelli, com sua movimentação espetacular, foram suficientes pra matar o Tricolor.


Boca Juniors 1 x 0 Corinthians 

Eu resumiria assim o embate entre paulistas e portenhos no jogo na Bombonera: apesar de ter ouvido muitos comentários segundo os quais o time paulista fez a incompreensivelmente pior  partida em muito tempo, faltou profundidade a essa análise, que é limitada por ignorar o chamado “outro lado”. Como se o Corinthians tivesse jogado contra ninguém. A melhor análise desse duelo, das que li ou ouvi, foi a do Leandro Miranda, no portal Terra.

Diz ele: “Quem esperava o mesmo Boca de 2012, lento na armação e recuado na marcação, acertou só a primeira parte: o time é fraco tecnicamente e tem dificuldade para criar jogadas, mas defendeu de forma agressiva, pressionando os jogadores alvinegros assim que eles recebiam a bola – como o próprio Corinthians faz com frequência – e forçando o pior jogo da equipe de Tite em 2013.
“O Corinthians não está acostumado, no Brasil, a receber uma marcação agressiva como a que aconteceu na Bombonera.”

Quer dizer, o Corinthians não jogou mal porque jogou mal, como quem ganha pra comentar e não comenta bem tentou vender, mas porque o Boca aprendeu com a derrota de 2012, e, apesar de ser um time tecnicamente fraco, é comandado hoje por Carlos Bianchi, quatro vezes campeão da Libertadores: uma com o Vélez Sársfield (1994) e três com o próprio Boca Juniors (2000, 2001, 2003). A tarefa do Timão é bem difícil. O 1 a 0 é um resultado complicado de tirar com o regulamento do “gol fora”. Se o Boca fizer um golzinho daqueles típicos argentinos, bye bye. Mas a tarefa do Alvinegro está longe de ser desesperadora como a do São Paulo, que precisa bater o Galo em BH com dois gols de diferença.

São Paulo x Corinthians
Reprodução
Mais um pouco e Ceni dividia com Pato
No Morumbi, péssimo jogo e apenas algumas poucas observações: como o São Paulo bate!; o jogo foi típico de dois times com medo de perder, pois ambos sabiam que uma derrota, após as adversidades do meio de semana na Libertadores, seria catastrófica; por mais que se diga que Luis Fabiano não estava impedido num lance no primeiro tempo, para mim estava, sim, por muito pouco, mas estava); o árbitro foi muito bem ao mandar voltar o pênalti defendido por Ceni, pois o goleiro estava para lá do meio da pequena área (veja a foto) quando Pato bateu (todo goleiro adianta um pouco, dando um passo pra frente e um pro lado, ou vice-versa, mas Rogério é muito cara de pau).

Paulo Henrique Ganso e Luis Fabiano, o primeiro de maneira grotesca, perderam os pênaltis do São Paulo. Haja terapia. Os lances do menino mimado ex-Santos e do bad boy amado pela Independente simbolizam a crise são-paulina atual. O treinador Ney Franco reclamou da arbitragem e disse que o juiz "não estava preparado". Me parece que ele deveria ir chorar na cama.

Palmeiras

Como falei no início, o Palmeiras, quem diria, tem tudo para chegar às quartas da Libertadores. Após o 0 a 0 no campo de society na terça-feira, 30, basta vencer o Tijuana em São Paulo, no dia 14 de maio. No dia 15, o Timão decide contra o Boca. Antes, nesta quarta-feira, 8, o São Paulo tenta o milagre em Minas.

Sobre o Santos, já escrevi neste post.

Europa

E, para terminar, sensacional as retumbantes derrotas de Real Madrid  e Barcelona esta semana para Borussia Dortmund e Bayern de Munique, respectivamente, confirmando o baile dos jogos de ida. Os madrileños perderam de 4 a 1 na Alemanha, e, em casa, fizeram 2 a 0, em partida de final eletrizante. E os catalães não viram a cor da bola contra os bávaros. Tomaram de 4 a 0 em Munique e 3 a 0 em pleno Camp Nou, 7 a 0 no agregado. Coitado do “melhor time de todos os tempos”. É incrível, mas precisaram os alemães entrarem em campo pra desfazer esse conto da carochinha disseminado, no Brasil, principalmente, pela ESPN.


Gaúcho roubado

O Campeonato do RS foi conquistado pelo Internacional, que ganhou o segundo turno (a chamada Taça Farroupilha) nos pênaltis, do Juventude. Roubado. O Juventude teve um gol absurdamente anulado no tempo normal. Ninguém, a não ser o árbitro, viu alguma irregularidade no lance. É aquela coisa: na província, só Grêmio e Inter podem ser campeões. Uma vergonha.

domingo, 18 de março de 2012

Em jogaço no Morumbi, São Paulo vence o Santos por 3 a 2, como em 2002


Foto: Divulgação: Santos FC

Absolutamente justa a vitória do São Paulo sobre o Santos por 3 a 2 no Morumbi, num jogaço pela 14ª rodada do Paulistão 2012. Lucas foi de longe o melhor em campo. Veloz e habilidoso, expôs problemas da zaga santista: a lentidão dos zagueiros Dracena e Durval, mas sobretudo a lateral esquerda, que continua como ponto vulnerável do time de Muricy, seja com Juan (que hoje não jogou por pertencer ao São Paulo), seja com o reserva Paulo Henrique. Fucile, na direita, tampouco tem demonstrado a velocidade que a posição requer no futebol atual.

O primeiro gol são-paulino saiu logo aos 8 min de jogo, quando Casemiro teve tempo e espaço para receber, pensar, olhar, pensar na vida e chutar. Dracena ainda ficou naquela: coloco cabeça na bola como macho ou saio da frente pro goleiro ter visão? Ficou no meio termo e pôs pra dentro num gol quase contra.





Era esperado que a motivação tricolor fosse maior do que a do Peixe, que quinta-feira pega o Juan Aurich, do Peru, no Pacaembu, pela Libertadores, time que bateu por 3 a 1 na semana passada num campo de futebol society. Time fraco, é verdade, mas Libertadores é Libertadores. O São Paulo de Emerson Leão, por sua vez, vinha de um 4 a 0 contra o Independente do Pará pela Copa do Brasil, a competição que um dia Rogério Ceni disse que não se imaginava disputando.

Marcação dura

O São Paulo não deu mole contra o Santos, com marcação implacável e não raro violenta, como é do estilo histórico do time do Morumbi desde o velho Rubens Minelli dos anos 70 (estilo que Telê Santana interrompeu por um tempo). O lateral improvisado Rodrigo Caio (que nome invocado esse!) foi expulso logo aos 8 minutos do segundo tempo e já atrasado, pois era para ter tomado o segundo amarelo ainda na primeira etapa, depois de dar um pontapé em Neymar quando já tinha um amarelo.

Seja como for, o árbitro não interferiu no resultado. O Alvinegro disputou todo o segundo tempo com um jogador a mais, mas o São Paulo continuava melhor, e, ironicamente, justo quando o time da Vila parecia que ia virar o jogo, após Neymar anotar 2 a 2, a defesa deu uma bobeira generalizada e deixou o camisa 7 são-paulino fazer 3 a 2 aos 42 do segundo tempo.

Ganso amarelou

Se Lucas foi o nome do Tricolor, Ganso decepcionou no Alvinegro. Nos últimos jogos (o 3 a 1 contra o Juan Aurich, por exemplo) a imprensa encheu a bola do camisa 10 santista. Mas a verdade é que num jogo duro, um clássico de muita rivalidade como o de hoje, Ganso amarelou. Jogou muito parado, movimentou-se pouco, errou passes sem conta e se escondeu por trás de uma marcação à qual se rendeu sem muita luta.

Ganso continua devendo. Precisa de atuações de alto nível contra grandes times como o São Paulo para provar que voltou. Na vitória de 1 a 0 contra o Corinthians, jogou bem, mas, como escrevi aqui, aquele foi um jogo de compadres. Quanto à meia direita, Íbson no primeiro tempo e Elano no segundo tiveram atuações abaixo da crítica, mas Elano pelo menos é um perigo em bolas paradas (por exemplo, saiu dele, em cobrança de corner, o primeiro gol peixeiro).

Relembrando 2002

Mas a derrota é normal e não tira o São Paulo da caderneta do Santos como um freguês contumaz, e faz tempo. Há dez anos, num outro jogaço no Morumbi (eu estava lá! com o companheiro Gabriel), pela fase de classificação do Brasileirão 2002, o São Paulo também ganhou pelos mesmos 3 a 2. Foi quando Diego comemorou um gol pulando sobre o escudo do São Paulo. Rogério Ceni teve um ataque histérico. Foi um jogo espetacular e o Tricolor ganhou, mas, como tem ocorrido na última década, a vitória da esquadra do Morumbi pouco valeu. Naquele ano, o Santos comandado por Emerson Leão foi campeão brasileiro tendo eliminado o mesmo São Paulo nas quartas-de-final.

Exceto na final do Paulistão de 2000, quando foi campeão, o SPFC não ganhou do Santos a não ser jogos que, concretamente, pouco ou nada valiam, a não ser a rivalidade, o que fica muito nítido nos últimos dois anos (abaixo).

Para relembrar 2002:




O confronto San-São nos últimos dois anos
:

07/02/2010 - São Paulo 1 x 2 Santos - Arena Barueri - Paulista
11/04/2010 - São Paulo 2 x 3 Santos - Morumbi – (semifinal do Paulista)
18/04/2010 - Santos 3 x 0 São Paulo - Vila Belmiro – (semifinal do Paulista)
25/07/2010 - Santos 1 x 0 São Paulo - Vila Belmiro - Brasileiro
17/10/2010 - São Paulo 4 x 3 Santos - Morumbi - Brasileiro (ambos os times só cumpriam tabela)
30/01/2011 - Santos 2 x 0 São Paulo - Arena Barueri - Paulista
30/04/2011 - São Paulo 0 x 2 Santos - Morumbi - Paulista
28/08/2011 - Santos 1 x 1 São Paulo - Vila Belmiro - Brasileiro
04/12/2011 - São Paulo 4 x 1 Santos - Mogi Mirim – Brasileiro (o Santos jogou com dez reservas)
18/03/2012 – São Paulo 3 x 2 Santos - Morumbi - Paulista

domingo, 21 de agosto de 2011

Com gol kardecista, Santos ganha clássico na Bahia de Todos os Santos

Ainda pela 18ª rodada do Brasileiro, São Paulo e Palmeiras ficam no 1 a 1. E no Corinthians, após a derrota por 2 a 0 para o Figueirende, a batata de Tite está assando

Um gol de Alan Kardec aos 36min do segundo tempo deu ao Santos a primeira vitória fora de casa no Campeonato Brasileiro, em Salvador, 2 a 1 contra o Bahia. Agora, são oito partidas com mando adversário: seis derrotas, um empate e uma vitória.

O triunfo teve sabor triplo: 1) a vitória propriamente dita; 2) ela ter sido em cima do técnico René Simões, aquele moralista fanfarrão e hipócrita que afirmou “estamos criando um monstro”, sobre Neymar, em setembro do ano passado, quando o Peixe bateu o Atlético-GO na Vila por 4 a 2 e o bigodudo resolveu desviar a atenção de sua derrota para uma análise comportamental de psicólogo barato; 3) o fato de Santos x Bahia ser um clássico de mais de meio século, já que ambos os times fizeram três decisões da Taça Brasil: em 1959 (quando o Bahia bateu o Santos de Pelé e sagrou-se o primeiro campeão nacional), 1961 e 1963 (em ambos, Santos campeão).

A vitória santista em Salvador hoje começou a se desenhar logo aos 2min de jogo, quando Ganso sofreu pênalti claro ao receber passe de Borges. Neymar bateu bem (ufa!), rasteiro, no canto direito de Marcelo Lomba e fez 1 a 0. Daí pra frente, só deu Bahia, que pressionou até empatar, aos 29, com Júnior, e depois manteve o Santos encurralado. Nessas circunstâncias, o Alvinegro teve no goleiro Rafael o salvador da pátria no muito bom primeiro tempo. O arqueiro se machucou (profundo corte no supercílio) após dividida com o catimbeiro Carlos Alberto (aquele mesmo) e foi substituído no intervalo por Wladimir, que não comprometeu.

Veja os gols


Na segunda etapa o Bahia tentou manter a contínua pressão, mas o Santos segurou o 1 a 1 e o Tricolor foi pouco a pouco sendo vencido pelo cansaço. Eis que, num ato de ousadia chamado popularmente de “seis por meia dúzia”, Muricy tirou Borges e colocou Alan Kardec. Após um escanteio, na chamada “segunda bola”, rebote do goleiro baiano, Henrique ganhou a dividida de cabeça e a bola sobrou para Kardec fazer um gol de oportunismo, estranho, um gol inesperado e tipicamente kardecista. (Alan Kardec é aquele mesmo jogador do Vasco da Gama de 2007 que fez o gol da vitória de 1 a 0 contra o Corinthians no Pacaembu, que começou a carimbar o passaporte do Timão para a segunda divisão naquele ano.)

Enfim, uma vitória importante do Santos hoje no clássico de Salvador. Não por ter tirado o time da zona da degola (está em 15°, com 18 pontos e ainda 2 jogos a menos). Mas porque foi uma vitória duríssima, muito valorizada pelo time baiano, e valeu como um descarrego para o time de Muricy, e logo em Salvador, a terra de Nosso Senhor, sobre o time do fanfarrão René Simões.

São Paulo 1 x 1 Palmeiras

No clássico paulista, um jogo bom, muito disputado, achei que o Alviverde foi melhor, com claro domínio territorial durante todo o primeiro tempo, embora tenha levado o golaço de Dagoberto. No segundo, o gol do zagueiro Henrique fez justiça à partida.

O Tricolor, em terceiro com 34 pontos, por enquanto briga pelo título, enquanto o Verdão, em sexto, com 29, na minha opinião luta no máximo por uma vaga na Libertadores.

Corinthians na descendente
O Corinthians, após a enganosa vitória contra o Atlético-MG por 3 a 2 (*), perdeu de 2 a 0 para o Figueirense em pleno Pacaembu, sábado, saiu vaiado pela Fiel e encara a dura realidade de, ouso profetizar, estar no rumo de uma curva descendente que pode culminar com a saída de Tite do comando do time e a perda de um lugar no G-4 em breve, não necessariamente nessa ordem.

A batata de Tite já está assando, e todo mundo sabe que ele nunca foi unanimidade nem mesmo no interior da cúpula alvinegra. Faltam só mais alguns pretextos para ele perder o cargo. Um colunista diz que Ney Franco pode pintar pelas bandas do Parque São Jorge. Domingo, tem Palmeiras x Corinthians em Presidente Prudente.

*Atualizado às 22:52 – O placar de Corinthians x Atlético-MG estava informado erradamente como 4 a 2, quando foi 3 a 2.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians em Itaquera

A questão do estádio do Corinthians, em Itaquera, gerou um debate de certo modo acalorado no post abaixo [que, aliás, não tinha nada a ver com o estádio, e sim com a rodada do Brasileirão]. Por isso vai aqui uma nota.Para Paulo M, se concretizado, o projeto vai “ajudar a estruturar melhor uma região marginalizada da cidade, que é a zona Leste”. Mas diz ser desagradável “ver gente do tipo Kassab fazendo parceria com o Andres Sanchez pra viabilizar o projeto e se promover”... “A prefeitura de SP está fazendo tudo pra impugnar as obras de reforma do Palestra Itália.”

Estátio em Itaquera (projeto)/Reprodução
Já Felipe Cabañas afirma não se incomodar com o fato do Corinthians “ter tido ajuda política para viabilizar a construção de seu estádio”, lembrando que “o São Paulo também teve, inclusive dinheiro público, o que, até agora, não parece ser o caso no estádio do Corinthians”. Para ele, “o maior auxílio [político] no caso do Corinthians partiu do corintiano mais ilustre, Lula (...) Por que não? Não tem nada escuso aí.”
E diz que “não é a prefeitura que está querendo impugnar as obras [do Palestra Itália], mas a Associação de Moradores de Perdizes e Barra Funda que entrou no Ministério Público alegando que não há estudo de impacto” para tal obra.

Não sei se é a associação de moradores, a prefeitura ou, politicamente, ambos se juntando para atrapalhar as obras do Palestra. O prefeito paulistano, aliás, disse ontem que vai apoiar o Palestra. O que sei, como alguém que morou por mais de 20 anos na região, é que parece quase absurdo se fazer uma obra dessa magnitude naquela confluência entre avenida Sumaré, a rua Turiassu estreita e sufocada pela inauguração de mais um shopping, o Bourbon, e a avenida Pompéia.

A região está quase saturada pela especulação imobiliária que verticalizou o bairro sem que a prefeitura de “dr. Kassab” ou seu antecessor José Serra (sim, ele foi prefeito, lembram?) jamais tenham se preocupado com nada que não fossem os mega interesses ($). É verdade que a cidade tem três estádios históricos, que pedem só reforma, como diz Paulo M no comentário acima citado, e que “de repente, quase do nada (...) aparece assim um quarto como única opção!”

Particularmente, acho que:

1) seria absurdo fazer uma reforma monstro no Pacaembu e seu entorno para abrigar a Copa do Mundo. Aquela região toda é tombada. Um dos poucos locais ainda preservados e aprazíveis da cidade seria destruído. Só se precisa saber o que se vai fazer com o estádio do Pacaembu, que é da população. Se não, uma hora dessas aparece um tucano e privatiza.

2) O projeto da arena do Palmeiras (ao lado) é cercada mesmo por muitos entraves, urbanísticos, burocráticos e até políticos. Se o projeto está sendo boicotado ou não, não tenho condições de dizer. Mas os planos de intervenções na região próxima ao Palestra vão continuar (veja aqui). Nesse contexto, a arena palmeirense teria mais espaço. Mas, a tempo da Copa do Mundo? O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, ao oferecer o Palestra, disse que não era para abrir a Copa, mas sediar outros jogos que não o da abertura. A verdade é uma só: não interessa à FIFA e aos investidores aproveitar o que já existe.

3) O Morumbi seria a solução mais óbvia, mas estava rifado desde o início pela FIFA. Por questões políticas, pela velha rixa São Paulo F.C. x Ricardo Teixeira e altos interesses financeiros. A FIFA quer porque quer um estádio novo, e ponto. Interesses, minha gente, interesses econômicos gigantescos. Reportagem da revista CartaCapital mostrou isso, semanas atrás (leia aqui: “A ganância vitima o Morumbi”).

4) Finalmente, o campo do Corinthians. Tecnicamente (urbanisticamente) parece ser a melhor solução. Do ponto de vista dos corintianos, se for viabilizado mesmo, finalmente o clube vai ter onde mandar seus jogos. Eu acho justo que o time de maior torcida do estado tenha seu campo e me parece apropriado que uma Copa do Mundo seja um catalisador desse processo. O clube aproveitou o imbróglio e se lançou. Está em seu direito. Diz que não vai haver dinheiro público. Mas nem tudo são flores: o projeto está orçado em R$ 300 milhões, para 48 mil lugares, que seriam bancados pela Odebrecht. Mas não poderia abrir a Copa com esse tamanho. No mínimo, teria que ter 65 mil, mas aí os custos subiriam para R$ 470 milhões. Quem paga a diferença?

Dogma
Aqui, uma observação: virou moda o discurso, quase um dogma, segundo o qual dinheiro público não pode ser usado nessas obras. É o que dizem os porta-vozes da moralidade. Meio hipócrita, isso.

Primeiro, porque, de uma maneira ou outra, por meio de isenções fiscais, contrapartidas ou parcerias, o dinheiro público sempre estará em projetos muito grandes e/ou importantes. Dizer o contrário é faltar com a verdade. O Estado existe também para investir. Ou acham que é só para vender patrimônio? Dizer que esse dinheiro deveria ir para hospitais, escolas etc é sofisma. Em segundo lugar, o dinheiro pago pelo contribuinte nos pedágios paulistas, por exemplo, não é dinheiro público? Por que os defensores da moralidade não falam disso? A Polícia Militar não está em todos os jogos de futebol? E a PM é paga com que dinheiro?

A questão é saber usar o investimento, capitalizar, tornar útil socialmente (como Luiza Erundina tentou fazer com o autódromo de Interlagos e foi impedida pelos direitistas da Câmara). Crime não é o estado investir – se houver transparência –, é deixar apodrecendo o que foi investido, como acontece com algumas obras dos Jogos Pan-Americanos. Quando Kassab e o atual governador, Alberto Goldman, garantiram que não ia haver dinheiro público nas obras, receberam aplausos da mídia. Logo quem.

Repercussão: O jornal britânico Financial Times critica o projeto do estádio corintiano aprovado de surpresa e diz que ele não vai ficar pronto no prazo estipulado pela FIFA. Leia aqui.