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sábado, 19 de agosto de 2017

Para não esquecer – a final do Campeonato Brasileiro de 2002, o último que teve graça


Na era dos pontos corridos, é bom lembrar de quando o Campeonato Brasileiro tinha graça, já que hoje o Brasileirão não interessa a não ser para "se classificar para a Libertadores".

Na época de ouro do boxe, era costume a gente (todo mundo) se referir a um grande combate como "a luta  do século". No futebol, como no boxe, isso é discutível, claro. Depende do ponto de vista.

Mas não importa. O "jogo do século"  aconteceu no dia 15 de dezembro de 2002, no Morumbi, quando o Santos bateu o Corinthians por 3 a 2 e sagrou-se campeão brasileiro depois de 18 anos sem ganhar um título importante. Foi o último campeonato antes da era dos pontos corridos, iniciada em 2003.

Os melhores momentos do jogo, com a narração magistral (de rádio) do grande José Silvério:


Como disse um comentarista na época, aquilo "não foi um jogo de futebol, foi uma ópera". Independentemente de eu ser santista, foi um dos maiores jogos de futebol que vi na vida. No caso, o maior, o "jogo do século".

Estávamos lá, a família reunida, Carmem (também conhecida como Jacaré do Rio Claro ou Eminência Parda) e Gabriel. Vimos tudo do lado esquerdo do Santos no primeiro tempo e do lado direito no segundo. De maneira que testemunhamos Robinho fazer as jogadas do primeiro e do segundo gols mais de perto ("mais" porque o Morumbi é um estádio enorme e você não fica tão perto do campo como no maravilhoso Pacaembu ou na sagrada Vila Belmiro).

Também vimos o monstro Fábio Costa, com suas defesas monumentais, numa das mais incríveis atuações de goleiro que já vi. E olha que já vi Cejas e Rodolfo Rodrigues, só pra falar de santistas. A 1 (um) minuto de jogo, Fábio Costa, que veio da Bahia, já começava a mostrar que aquele título já estava escrito nas estrelas, como talvez dissesse Nelson Rodrigues. É só ver o vídeo.

***

Não publico aqui por efeméride nem nada parecido. É que postei esse vídeo acima no Facebook e resolvi registrar aqui porque em blog se registra mais definitivamente -- no face, daqui a uma semana, ninguém acha mais (a fragmentação é deliberada) -- e, afinal, tenho amigos que não têm conta na rede social.

O Santos podia até perder por um gol de diferença que seria campeão (porque ganhou o primeiro jogo de 2 a 0) e vencia por 1 a 0 até 30 do segundo tempo. Mas, quando a gente começava a timidamente querer comemorar (nunca se comemora uma vitória contra o Corinthians de antemão), eles empataram, aos 30, e viraram aos 39. Sofrimento, tensão extrema, taquicardia, até falta de ar. Mais um gol e aquele maravilhoso time de meninos de Emerson Leão perderia para a equipe de Carlos Alberto Parreira, um belo time de um grande técnico, diga-se.

Mas, 3 minutos e meio depois do segundo gol corintiano, Elano marcou o segundo do Peixe, aos 43. O gol do título. Elano saindo pra comemorar o gol e o título levantando a camisa e mostrando a imagem de Nossa Sra. Aparecida, a padroeira do Brasil. Ou seja, foi um gol mágico e espiritual para coroar um título mágico e espiritual. Só santista entende isso.

Estava 2 a 2. Eram 43 do segundo tempo e o Corinthians, o sempre terrível adversário, precisava então fazer dois gols em 4 minutos. Éramos campeões! Chorávamos na arquibancada.

O gol do título, talvez o maior gol que o maior ataque do mundo já fez (o Santos é o time que mais fez gols na história do futebol, com cerca de 12.400 gols). A jogada foi um desenho geométrico (pode conferir no vídeo), um triângulo (Elano-Robinho-Elano) para a antologia do futebol.

Elano seria, aliás, autor do gol do título brasileiro de 2004 também. Mas aí já era campeonato de pontos corridos, que os brasileiros resolveram copiar dos europeus para estragar nosso campeonato nacional, para regozijo da "crônica esportiva", que até hoje bate palmas para essa estupidez.

* Digo que o campeonato de 2002 foi o último que teve graça porque foram raros os que, a partir da era dos pontos corridos (2003), emocionaram. Curiosamente, um dos únicos foi o de 2004, quando de novo o campeão foi o Santos, numa disputa que só terminou na última rodada, aos 45 do segundo tempo.

***
As escalações da final de 2002:

Santos: Fábio Costa; Maurinho, André Luís, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego (Robert, depois Michel); Robinho e William (Alexandre). Técnico: Émerson Leão

Corinthians: Doni; Rogério, Anderson, Fábio Luciano e Kléber; Vampeta, Fabinho (Fabrício) e Renato (Marcinho); Gil, Deivid e Guilherme (Leandro). Técnico: Carlos Alberto Parreira

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Santos ganha Paulista, primeiro título de Robinho na Vila, em decisão com Palmeiras após 56 anos



Divulgação/Santos FC
Robinho e David Braz comemoram primeiro gol na Vila

Se fosse uma luta de boxe eu diria que o Santos ganhou por pontos, mas muito merecidamente. Poderia ter nocauteado, mas nocautear o Palmeiras não é fácil. 2 a 1 pro Alvinegro e 4 a 2 nos pênaltis.Foi o 21º título paulista e o 6º em dez anos: 2006, 2007, 2010, 2011, 2012 e 2015. 

O título foi o primeiro que Robinho conquistou dentro da Vila Belmiro, na primeira final que Santos e Palmeiras fazem em mais de meio século. Em 1959 os times disputaram uma decisão em três jogos depois de um campeonato em pontos corridos que terminou empatado entre as duas equipes, e o Palmeiras ganhou o título. 

Santos e Palmeiras disputaram 3 partidas no campeonato. Duas vitórias do Santos (2 x 1 na fase de classificação e 2 x 1 hoje) e o Palmeiras ganhou uma (1 x 0 no primeiro jogo da final). Duas vitórias a uma para o Alvinegro.

Parece-me que o Peixe não matou o jogo porque o técnico Marcelo Fernandes se acovardou quando ficou com um jogador a mais no segundo tempo e não foi pra cima. Quando Robinho saiu, o treinador preferiu colocar o discretíssimo Cicinho, e não alguém que ajudasse o time a ir para cima, como Gabriel.

Acho que o título paulista de 2015 é um prêmio justo a um time que jogou com o coração quando ninguém acreditava nele.

Muitos aplausos a três campeões que se destacaram: Robinho e Renato, que estiveram em campo. E Elano, que mesmo não tendo entrado na cancha, é um santista campeão sempre. Robinho, em particular, não passa pelo Santos sem levantar taça.

Destaque para Ricardo Oliveira, matador, que fez o segundo gol, um golaço, e Vladimir, o jovem goleiro que pegou um pênalti.


Aplausos também ao Palmeiras, que como sempre foi um grande adversário que só honrou o título do Santos na Vila Belmiro.

domingo, 19 de abril de 2015

Santos x Palmeiras, finalmente a esperada final


Reprodução Facebook

Desde a época de Pelé e Ademir da Guia, seja de que campeonato for, não havia uma final entre Santos e Palmeiras (se alguém tiver informação diferente, favor informar). Será a bem-vinda final do Paulistão 2015.

Esse é um dos últimos grandes tabus da história do futebol brasileiro.

Se o gol de placa do Geovânio (abaixo), o primeiro da vitória de 2 a 1 do Santos contra o São Paulo na Vila, fosse do Messi, a mídia (leia-se ESPN) ia ficar um mês reproduzindo como gol de craque. Mas foi do Geovânio. E no Paulistão, não na Champions League.




E o Ricardo Oliveira, brincadeira. Esse é o 9.

***
O jogo que terminou com a vitória do Palmeiras sobre o Corinthians, no Itaquerão, nos pênaltis (depois de um espetacular 2 a 2) foi melhor do que Santos 2 x 1 São Paulo. O Palmeiras tem sorte de ter o goleiro Fernando Praz, que frangou no segundo gol do Corinthians, mas salvou a pátria nos pênaltis.

Se dependesse do medíocre palmeirense “Robinho”, que bateu aquele pênalti nas nuvens, o Palmeiras tinha caído fora.

Robinho só tem um, e é do Santos. Esse do Palmeiras é Robson, como era chamado no Santos, onde nunca fez nada digno de nota.

PS (às 23:53)- O Uol divulga a informação de que "Palmeiras levou a melhor sobre o Santos na final do Paulistão de 1959". Essa informação é uma meia-verdade. O Paulista de 1959 foi disputado em pontos corridos. Palmeiras e Santos terminaram empatados e por isso tiveram de fazer uma disputa-desempate.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Robinho, quatro vezes campeão, volta para casa


Reprodução
Robinho volta ao Santos pela segunda vez.  Um amigo, são-paulino, disse no Facebook que é um “enganador”. Outro, palmeirense, afirmou anos atrás que “não vale nada”, e mais recentemente que é “covarde”.

Não sei por quais motivos as pessoas têm esses julgamentos. Considerando que meus amigos não conhecem Robinho pessoalmente, creio que só pode ser despeito, algo inerente ao futebol. Os santistas não temos nada a reclamar do menino das pedaladas. Robinho é sinal de títulos. Nas duas temporadas em que esteve na Vila Belmiro levantou troféus. Os campeonatos Brasileiros de 2002 e 2004, o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil de 2010. Só não ganhou a Libertadores de 2011 porque saiu antes.

Nunca perdeu do Corinthians. Se não me trai a memória, foram sete vitórias e um empate contra o rival do Parque São Jorge.

Com uma perna só, poderia ter dado um brilho à seleção do general Felipão na Copa do Mundo que todos aqueles jogadores de quinta categoria que ele levou, juntos, jamais teriam a capacidade técnica, atlética ou mental de dar. Bernard, Jô, Hulk, a meia dúzia de volantes e outros. 

Dizem que está decadente. Vamos ver.

Em sua última passagem pela Vila Belmiro, jogou muito em 2010 e foi um dos principais protagonistas (junto com Neymar e Ganso) dos títulos paulista e da Copa do Brasil, de um time que foi um dos mais espetaculares do país nos últimos 20 anos.

Robinho disputou 213 jogos e marcou 94 gols pelo Santos. Dizem que já fez um golaço no treino. Na Vila, Robinho tem prazer de jogar. Não se pode dizer que vai arrebentar de novo.

Mas para os santistas, tanto faz que o adjetivem. Na Vila, ele está em casa.

Leia tambémO Espírito do Santos

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Espírito do Santos (parte 1)



CENTENÁRIO



Fotos: Ricardo Saibun (Neymar) e Reprodução
As quatro geraçôes: Juary, Pelé, Neymar e Robinho


Introdução e o time de Neymar

Neste sábado, 14 de abril, o Santos Futebol Clube completa 100 anos. Para marcar a data, escrevi um ensaio que publicarei aqui em quatro partes, a partir desta sexta-feira e nas próximas três quintas, dias 19 e 26 de abril e 3 de maio de 2012.

Um amigo aconselhou-me a registrar este trabalho, a partir de seu título (O Espírito do Santos), na Fundação Biblioteca Nacional. Estou seguindo esse conselho, já que no futuro talvez venha a publicá-lo em livro, possivelmente com um desenvolvimento maior.

Este ensaio não se propõe a falar da história do Santos F. C de um ponto de vista estatístico/historiográfico, tarefa importante mas pouco literária e não tão apaixonante. E, de resto, números e estatística não faltam - o que uma simples busca no Google demonstra.

A ideia é fazer um recorte. Algo que seja também simbólico e significativo, eu diria espiritual, na história do clube fundado em 14 de abril de 1912, segundo seu site na internet, “por iniciativa de três esportistas da Cidade (Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior).

Uso a palavra espírito deliberadamente, para caracterizar uma espécie de “reencarnação” desse futebol que se confunde com a arte, do futebol moleque, do futebol ousadia – termo este consagrado por Neymar.

Espírito que se manifestou essencialmente em quatro gerações santistas:

A dos anos 1960, de Pelé, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, mas que começou a se configurar em meados de 1950, exatamente em 1956, quando o menino Pelé chegou à Vila levado por Waldemar de Brito.

Que se manifestou em 1978, naquela esquadra conhecida pela mortal linha de frente com Nilton Batata, Juary e João Paulo, um time que também tinha no meio de campo feras como Ailton Lira, Clodoaldo e Pita, mas que me marcou menos porque foi um time muito efêmero, embora à época, adolescente, eu não perdesse os clássicos no Morumbi (onde o São Paulo era freguês) que disputavam os então chamados “meninos da Vila”.

Em 2002, com o time que levantou os Brasileiros de 2002, tirando o Alvinegro de uma fila de 18 anos sem um “título importante”, e 2004, e teve nos meninos Robinho e Diego os porta-estandartes a carregar a bandeira do espírito do Santos, embora Diego não tenha permanecido até o fim da temporada de 2004.

E que se manifesta agora, na geração de Neymar e Ganso, cuja história ainda está sendo contada.

As quatro gerações que representam o Espírito do Santos em toda sua história têm em comum um outro dado relevante: todas foram frutos de apostas na base, a alma do clube. Os símbolos negros dessas quatro gerações que construíram a lenda dos meninos da Vila são Pelé, Juary, Robinho e Neymar. Claro que os gigantes das conquistas foram muitos: Gilmar, Mauro Ramos de Oliveira, Ramos Delgado, Zito, Pepe, Clodoaldo, Edu, Cejas, Ailton Lira, Rodolfo Rodriguez, Elano, Fábio Costa, Renato e incontáveis outros. Citar nomes no caso do Santos é ser injusto, porque em qualquer lista sempre haverá muitos esquecidos. No caso do time de 1978, aliás, Juary nem era o principal jogador do time, cujos maiores craques estavam no meio de campo: Clodoaldo, Ailton Lira e Pita.


A geração do Rey

Foto: Ricardo Saibun/Santos FC


Se a geração de Pelé foi a mais importante, pois introduziu o clube definitivamente no rol dos grandes do país e do mundo, a de Neymar já alcança também níveis elevados. Existem curiosas coincidências na história do Santos. Por exemplo: lá, jogou o Rei. E depois de 48 anos, com os santistas já cansados da ladainha dos adversários (“ o Santos ganhou a Libertadores quando era com bola de capotão”, ouvi certa vez), eis que surge outro menino, Rey, que rima com mar e com futebol arte (como observou o santista Gabriel Megracko em comentários neste blog que não sei em que posts estão), que os invejosos, os colonizados e os intere$$ados (como um certo “Fenômeno”) querem ver na Europa. E eis que o time finalmente ganha a Libertadores, entrando na galeria aonde tantos queriam ter chegado e não chegaram, alcançando o tricampeonato, após os longínquos títulos de 1962 e 1963. Por isso a geração de Neymar (mas essencialmente ele) é grande: desfez um mito, um tabu: o de que a Libertadores não seria mais possível, para o Santos, depois de Pelé e da bola de capotão.

E por isso esta série (que não será publicada em ordem cronológica, mas segundo a importância que cada um dos quatro times teve para mim) começa com a geração bicampeã paulista (2010 e 2011), campeã da Copa do Brasil (2010) e da Libertadores (2011). Esse time vitorioso teve variações no elenco de 2010 para 2011. As saídas importantes foram a de André e Robinho do elenco de 2010 (quando o Santos era mais ofensivo, jogando a maioria das partidas com três atacantes) – Robinho que, voltando da Europa, foi, como é Léo, um remanescente da geração anterior. Nem Zé Eduardo nem, depois, Borges são tão bons na companhia de Neymar quanto foi André, das divisões de base. O ótimo Wesley também deixou o time mas foi substituído por Elano, que jogou bem no primeiro semestre de 2011, mas mal no segundo. No gol, ganho de qualidade, com a saída de Felipe para Rafael assumir o posto (o atual titular é um bom goleiro, mas muito longe das lendas Cejas – anos 1970 – e Rodolfo Rodriguez – anos 1980). Na lateral direita, com Danilo no lugar de Pará, houve melhora, mas Danilo foi vendido e o time ficou mais frágil na posição, com Fucile.

Reverência: da geração anterior, Robinho "engraxa" a
chuteira de Neymar – Foto: Ricardo Saibun/Santos FC
Essas foram as mudanças básicas do time campeão em 2010 com Dorival Júnior, que era avassalador no ataque (foi campeão estadual com 72 gols a favor e 31 contra) mas extremamente vulnerável na defesa, para a triunfante equipe de Muricy Ramalho, que não joga tão bonito mas é mais equilibrada. Um jogador dessa geração que não pode faltar aqui é o muito criticado Pará, hoje no Grêmio. Limitado, sim, mas com o qual boa parte dos santistas são ingratos, pois ele esteve em campo em todos os quatro títulos conquistados no período, sempre com seu aguerrimento e pronto para atuar nas duas laterais ou como volante.

Os jogos mais marcantes dessa geração, para mim, foram dois: a derrota de 3 a 2 para o Santo André em 2 de maio de 2010, quando, comandado por Paulo Henrique Ganso e reduzido a oito jogadores em campo contra dez do Ramalhão, o Peixe conquistou seu 18° título paulista. Esse vi pela TV. O outro – em que, com Carmem, Gabriel e Gisely, eu estava no Pacaembu – foi Santos 2 x 1 Peñarol, quando o Alvinegro levantou o tricampeonato da Libertadores, no inesquecível 22 de junho de 2011. Foram duas alegrias inigualáveis. Na final do Paulistão, com o coração quase saindo pela boca, abandonei o pessoal na sala no finalzinho e não vi a bola que o time do ABC mandou na trave nos estertores do espetáculo; na da Libertadores, a emoção de ser tricampeão da América parecia um sonho com o lindo mar branco tomando o Pacaembu.

Ganso e a final contra o Santo André

Perguntado por um repórter na semana do centenário qual foi o jogo mais marcante em sua carreira, Paulo Henrique Ganso respondeu de bate-pronto: a final do Paulista contra o Santo André em 2010. Não à toa. Além da partida magistral, ele protagonizou duas cenas inéditas e espetaculares: 1) já com oito em campo, o time era pressionado pelo Santo André, que se fizesse o quarto gol seria campeão. O camisa 10 bate um escanteio apenas encostando na bola, sai dela e fica esperando os adversários entenderem que ele estava apenas ganhando tempo e 2) no fim do jogo, o treinador resolveu tirar Ganso de campo para fechar o time (como se isso fosse possível com oito jogadores) e o meia se recusou a sair. Ele sabia que, segurando a bola, faria o tempo passar e o título viria. E assim foi.

O time campeão paulista de 2010: Felipe; Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Rodrigo Mancha, Arouca, Marquinhos e Paulo Henrique; Neymar (Roberto Brum) e Robinho (André) (Bruno Aguiar).

Capitão Edu Dracena levanta Libertadores
Foto: Ricardo Saibun
Em 22 de junho de 2011, com gols de Neymar e Danilo, o Santos bate o Peñarol do Uruguai e conquista finalmente o cobiçado título continental pela terceira vez. O time jogou com Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo (Alex Sandro); Adriano, Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso (Pará); Neymar e Zé Eduardo. Relembre aqui: Glorioso alvinegro praiano de Ganso e Neymar é tricampeão da Libertadores

A geração de Ganso e Neymar deve muito ao presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, o popular Laor, que ao assumir em 2010 prometeu em uma entrevista que, a partir dali, só jogariam no Santos os que suassem a camisa, demonstrassem amor pela camisa ou pelo menos fossem dignos do grande Santos (no ano anterior, com Vanderlei Luxemburgo, o Peixe era um time sem alma). Com uma gestão profissional, o mandatário manteve o astro Neymar, resistindo ao assédio dos poderosos Chelsea, Real Madrid e Barcelona. Algo inédito no futebol brasileiro até então.

Leia também:

O Espírito do Santos - parte 2: A geração de Robinho e Diego

O Espirito do santos - parte 3: Os Meninos da Vila

domingo, 17 de julho de 2011

Adiós


Paraguai elimina Brasil de Mano Menezes da Copa América. 120 minutos de bola rolando mais quatro pênaltis... E nada da bola entrar





Agora eu pergunto: para a torcida e o time do Santos, está mal que Elano, Neymar e Paulo Henrique estejam de volta já nesta semana, esperando obviamente que os dois últimos continuem na Vila? Não, não está.

Para a o São Paulo, o retorno de Lucas não vai fazer diferença? Vai.

E assim, com a queda do Brasil ante o Paraguai nos pênaltis, o Brasileirão 2011 vai começar a pegar. Quanto à seleção, foi algo incrível que em 90 minutos de bola rolando, 0 a 0, mais uma série de pênaltis (2 a 0 contra), o time não tenha feito a bola entrar no gol uma única e miserável vez! Sinceramente, não tenho dados agora, mas isso deve ser inédito em se tratando da “amarelinha”.

“O Mano continua como técnico da seleção”, já anunciou o cartola-mor, Ricardo Teixeira. Não tenho simpatia pelo futebol e pelo tipo do Mano Menezes, não entendo certas insistências estranhas como André Santos na lateral esquerda. Neymar não foi brilhante, mas se movimentou, procurou jogo, apanhou, perdeu gols, infernizou os paraguaios.

Para colocar Fred, deveria ter tirado Pato, que foi muito mal, e não Neymar, como fez o treinador aos 34 do segundo tempo. Fred nada acrescentou. Depois, já na prorrogação, Menezes ainda tirou Ganso para colocar Lucas, que deveria entrar, sim, mas no lugar do inoperante Alexandre Pato mesmo. Sem Ganso, o time perdeu a criatividade no meio campo. Ficou um time bruto. E, depois de muito hesitar, o técnico finalmente mandou Elano a campo, no lugar do namorado da Barbara Berlusconi.

Robinho jogou muito, foi o melhor do time brasileiro. Ramires até que foi bem, mas o time não ficaria melhor com Elano ou mesmo Hernanes, que nem foi convocado? E Maicon pela direita? É tão voluntarioso quanto grosso. Não é ele nem Daniel Alves o cara da posição para 2014. O ciclo de Fred, se é que houve, acabou. O de Lúcio está no fim.

A filosofia da marcação

Goleiro paraguaio Justo Villar comemora
 A impressão é que a filosofia de Mano Menezes, marcar a qualquer custo, marcar, marcar e marcar, acaba sendo contraproducente diante de times que não têm muito o que marcar, como o Paraguai. Ao fim e ao cabo, a bola não entrou. Agora, não se pode responsabilizar o gramado por quatro pênaltis perdidos, como fez o treinador na entrevista coletiva após o fiasco.

Com todo esse monte de ressalvas, porém, seja dado um desconto a Mano Menezes pela desclassificação, em nome do imponderável no futebol, que fez com que algumas bolas não entrassem porque “deus não quis”, como se diz. Bolas de Pato, de Neymar, de Lúcio, de André Santos, de Ganso que mandou na trave, só pra mencionar algumas. Dado o desconto, é finita a competição para nosotros.

Finda para brasilenõs e argentinos, a Copa América de 2011 tem agora um favorito: o Uruguai.

PS: Se você quer saber algumas piadas sobre a desclassificação brasileira, é só ir aos comentários deste post.

*Atualizado à 00:33 (19/07)

domingo, 3 de julho de 2011

Te cuida, Mano


Foto: Divulgação/CBF
 Na estreia do Brasil da Copa América de 2011 em La Plata, contra a Venezuela, a seleção de Mano Menezes ficou num 0 a 0 tão melancólico como a Argentina na estreia, com o decepcionante 1 a 1 ante a Bolívia.

O segundo tempo do Brasil foi tão ruim que o goleiro venezuelano Vega não defendeu uma bola sequer, que me lembre. O comentário, claro, e o mais fácil, é o de que Ganso, Neymar, Pato e Robinho não brilharam, como se você juntar um monte de craques fosse suficiente para se armar uma grande equipe. No potal Terra, a manchete foi: “Quarteto ofensivo falha e Brasil decepciona em estreia contra Venezuela”.

A verdade é que:

1) a batata de Mano Menezes vai assar nessa Copa América, se a seleção não convencer. Um time com tal elenco não apresentar nada até agora, nem coletiva nem individualmente, não pode ser culpa de Daniel Alves, André Santos, Paulo Henrique, Pato, Fred, Robinho, Neymar ou outros. O time não tem padrão tático. A insistência em Ramires é incompreensível, se pensar que Hernanes, da Lázio, nem foi convocado, para não falar de Arouca. Quanto a Elano, que hoje entrou no segundo tempo, tem que dar um desconto, pois ele está na segunda temporada sem férias. Robinho, de quem sempre fui fã, parece fora do tom na seleção e tem que sair. E Fred é lento, não chega a 2014.

Esquemas e pranchetas

Esse negócio de esquema 4-2-3-1 ou coisa que o valha é falta do que inventar. O esquema básico de Mano é o 4-3-3 mesmo, variando para o 4-2-4 dependendo do jogo. O resto é pra vender jornal. O tal 4-2-3-1 é para quem gosta de prancheta, como se o futebol fosse tão fácil de esquadrinhar como um jogo de xadrez, sem dinâmica. Daqui a pouco vão inventar o 4-1-1-2-2 ou o 4-2-1-1-1-1 e todo mundo vai achar genial. Podem me chamar de ignorante, mas para mim o 4-2-3-1 não existe. E o famigerado 3-5-2, que contou com alguns adeptos por aqui (como Felipão e o próprio Muricy Ramalho) felizmente está em extinção.

Saindo da prancheta e voltando ao Mano, dos três jogos a considerar feitos até aqui pela seleção sob o comando do treinador, foram duas derrotas (para Argentina e França) e um empate (recentemente, 0 a 0 contra a Holanda, em Goiânia), todos amistosos. O 0 a 0 com a Venezuela acende a luz amarela.

- *Não houve "melhores momentos nesse jogo". Houve um melhor momento: a defesa espetacular do zagueiro venezuelano Vizcarrondo, que o Galvão Bueno custou a admitir que não foi pênalti:



2) a Copa América mostra os efeitos de o calendário do futebol ser um no Brasil e outro no resto do mundo. Enquanto na Europa os clubes estão em férias e começam a temporada em agosto, no Brasil ninguém sabe quais serão os times em campo a partir do mesmo agosto, quando o Brasileirão estará do meio pro fim do 1° turno e a Europa inicia suas ligas nacionais.

Duvido que corintianos, são-paulinos, palmeirenses, flamenguistas, cruzeirenses, vascaínos, gremistas etc, e até os mais tranqüilos santistas, estejam preocupados com a Copa América. Mas o calendário meio que quebra o Brasileirão em anos de Copa do Mundo e Copa América, hoje mega eventos de negócios feitos para os novos talentos serem expostos na vitrine.

*Atualizado às 23:21

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um balanço da gestão de Luis Álvaro no Santos
– em agosto de 2010

Foto: Divulgação/ Santos FC
A gestão de Luis Alvaro Ribeiro à frente do Santos teve um início auspicioso. Fora dar um basta no eterno Marcelo Teixeira, cumpriu sua primeira promessa, feita logo após se eleger: a de que os santistas iriam ver, a partir dali, um time aguerrido e formado por jogadores do Santos, e não jogadores “de aluguel”.

De time desacreditado e sobre o qual pairava a nuvem da incógnita, o clube termina a primeira metade da temporada campeão paulista e da Copa do Brasil, com 137 gols marcados em 51 partidas na temporada até o dia de hoje (16 de agosto), média de 2,7 por jogo. O futebol da geração de Neymar, Paulo Henrique Ganso, André e outros, com o apoio positivo do já mais experiente Robinho, destruiu adversários impiedosamente. Com a exceção do Palmeiras, que não impediu, porém, a conquista dos títulos.

A cartada de Luis Alvaro ao trazer Robinho, lance arriscado, provou-se acertada e vitoriosa, com bons resultados em campo e no marketing. E com frutos até na auto-estima do santista, ao ver um de seus maiores ídolos voltar para ser duas vezes campeão em poucos meses.

Dorival
Aqui, umas palavras sobre o "professor" Dorival Júnior. Bem intencionado, bom caráter, ele pecou, porém, pela pouca experiência em times grandes. Seus maiores feitos, até chegar ao Santos: o título com o Vasco da Gama na Segundona de 2009, o vice campeonato paulista em 2007 com o São Caetano (o campeão foi o Santos de Vanderlei Luxemburgo) e o 5º lugar no Campeonato Brasileiro de 2007, pelo Cruzeiro. Acho que Dorival errou quando resolveu convocar os solteiros (!) para concentrar 24 horas depois do oitavo mata-mata seguido entre Paulistão e Copa do Brasil. Após eliminar o Grêmio nas semifinais, os meninos mereciam relaxar. A atitude do "professor" Dorival me fez lembrar o folclórico Oswaldo Brandão. Que tem seus méritos, mas já estamos em 2010, cacete.

Desafio
Porém, o presidente santista está agora frente ao desafio de lutar contra o temido euro, turbinado pelos infernais bilionários russos (donos do Chelsea) e árabes (do Manchester City), por exemplo. Sem André e Wesley, fora Robinho, o time ainda pode perder Neymar. Sobra muito pouco, ou, só Ganso, do time que encantou o país e que, amadurecido, em 2011, disputaria a Libertadores. Será uma pena, para os santistas e também para o futebol brasileiro.

Foto:Ricardo SaibunO que fazer sem essa dupla rara?

Sobre Neymar, e tantos outros jovens craques que nós revelamos para exportar à Europa, se ele for de fato negociado, creio que terá sido um equívoco. Dele, Neymar, e de seu staff, bem entendido. Luis Álvaro nem ninguém pode impedi-lo de sair se for o que ele deseja. Mas a volta vitoriosa de Robinho este ano mostrou que sua saída em 2005 foi precipitada. A opção de sair foi dele. Parece ter-se arrependido.

Neymar chegou à seleção aos 18 anos jogando pelo Santos. A próxima Copa do Mundo será onde? No Brasil. Ao contrário do que dizem o empresário do atleta e seu pai, nada garante que ir para o Chelsea agora será bom para a carreira de Neymar. Até o Mano Menezes, segundo as informações, aconselhou o guri a ficar no Santos. Acrescento eu: em Londres, ele encontraria outra realidade, eventualmente até hostil, e muito diferente da camaradagem que divide com seus parceiros no Santos. Brilhar sozinho é muito mais difícil. Mas isso já seria outro post.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Era Mano Menezes começa com a cara do Santos

A era Mano Menezes começou na seleção brasileira. Uma era simbolizada pela alegria de jogar futebol , só nossa. A cara do time não poderia ser outra senão a dos meninos do Santos. No estádio New Meadowlands, em Nova Jersey, com 77 mil pessoas, o Brasil foi comandado por um Paulo Henrique Ganso com porte e futebol de veterano, envergando a camisa 10 que foi de Pelé e Zico e deve pesar uma tonelada. Neymar, quase sempre pela esquerda, jogou tão à vontade que nem parecia ser outro estreante. Robinho, capitão, menino já experiente, se movimentando, e Pato, bem também, completaram a linha de frente da esquadra verde-e-amarela, a deixar aparvalhada a zaga adversária. Final: Brasil 2 a 0 fácil, com gols de Neymar e Pato ainda no primeiro tempo. Triste para mim, santista, foi ver Robinho e André, que entrou no segundo tempo no lugar de Pato, já não mais atletas do histórico Santos de 2010.

Foto: Reprodução

Paulo Henrique Ganso, o maestro

Depois de um início meio inseguro, a equipe foi se tornando consistente e tomou conta do jogo, com segurança e a rapidez nascida do espírito desse ofensivo Santos campeão paulista e da Copa do Brasil. “O que vimos não foi resultado do treinamento, mas da qualidade individual dos jogadores”, disse o treinador Mano Menezes na coletiva pós-jogo.

Mas o amplo domínio brasileiro e a estréia vitoriosa não podem esconder o fato de que a seleção norte-americana, um time normalmente difícil de bater, disputou essa partida de maneira protocolar. Apesar do time de Mano ter entrado em campo para vencer primeiro a ansiedade, e contra um time já montado, que disputou a Copa do Mundo, convenhamos, o selecionado de Donovan e companhia não demonstrou muito interesse na partida.

André Santos, pela lateral esquerda, jogou com segurança, e procurando o jogo com personalidade. A zaga, com Thiago Silva e David Luiz, nos fez esquecer por 90 minutos (e quiçá, para sempre) a interminável dupla Lúcio e Juan. E o meio-campo com os volantes Lucas e Ramires enterra a memória do grotesco Felipe Melo e brucutus de seu tipo.

As notas negativas foram duas: Daniel Alves, um jogador medíocre e nervosinho que destoou do espírito do time, não tem lugar na lateral direita; e Ederson, para mim um ilustre desconhecido, entrou no lugar de Neymar e teve uma noite lamentável, pois não jogou nem um minuto e saiu depois de fazer sua única e bizarra jogada, ao tentar uma pedalada desajeitada, pisar em falso e chutar o vento. Caiu com uma contusão muscular e foi substituído por Carlos Eduardo. Uma ressalva: o goleiro Victor não inspira muita confiança.

Fica como registro a ficha técnica da estréia da seleção brasileira de Mano Menezes, e os gols da partida.

Estados Unidos 0 x 2 Brasil
10/08/2010
Estádio New Meadowlands, Nova Jersey

EUA
Howard (Guzan); Spector, Bocanegra (Goodson), Bradley e Gonzalez; Donovan (Findley), Bedoya (Gomez), Bornstein e Buddle (Altidore); Edu e Benny Feihaber (Kljestan).
Técnico: Bob Bradley.

Brasil
Victor; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e André Santos; Lucas, Ramires (Hernanes) e Ganso (Jucilei); Robinho (Diego Tardelli), Neymar (Ederson) (Carlos Eduardo) e Alexandre Pato (André). Técnico: Mano Menezes.

Gols: Neymar, aos 28, e Alexandre Pato, aos 45 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: David Luiz (BRA)
Público: 77.223 pagantes
Árbitro: Silviu Petrescu (CAN). Auxiliares: Joe Fletcher (CAN) e Daniel Belleau (CAN)

Veja os gols da partida:



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Santos é campeão da Copa do Brasil na abençoada Salvador

Eu gosto muito da cidade de Salvador. Acho mais bonita do que o Rio de Janeiro, com o perdão dos chatos e mitificados bossa-novistas (desculpem o hífen).

Ser campeão em Salvador é uma honra. Apesar do campo de jogo, um brejo indigno da final de um campeonato nacional.

Fotos: Ricardo Saibun
Depois da partida de ida, em que o Santos bateu o Rubro-negro na Vila por 2 a 0, só os santistas devotos de São Tomé (como eu) ou pessimistas poderiam duvidar do título. A derrota em Salvador, Vitória 2 x 1 Santos, nesta quarta-feira, 4, não mudou o rumo da História, que foi justa ao conceder ao Santos de Ganso, Neymar e Robinho o título contra o (desculpem) medíocre time do Vitória.

Como santista, não acho que tem um herói da conquista inédita da Copa do Brasil de 2010. Mas, como santista, me permito dizer que a conquista se deve a: Rafael; Pará, Edu Dracena, Durval e Alex Sandro; Arouca, Wesley e Paulo Henrique Ganso; Neymar (Marcel), Robinho (Rodriguinho) e André (Marquinhos). Técnico: Dorival Júnior.

Porém, meus favoritos são alguns: Pará, Edu Dracena [autor do gol do título em Salvador], Arouca, Wesley, Ganso, Marquinhos, Neymar e Robinho. Esses foram os capitães, os que ganharam o título de fato. Na Vila e em Salvador com chuva. Neymar é um craque e um símbolo: não consigo entender como pode ter torcedor que se diz santista e vai à Vila Belmiro vaiar Neymar. O Santos precisa parar de mandar seus jogos na Vila, que quase nunca enche, é provinciana e só tem babacas.


Robinho é particular. Tem uma mania de ser campeão pelo Santos. Pobres adversários. Oxalá ficasse na Vila, mas parece que não vai ficar. Não interessa. Ele já é, pelo Santos, bicampeão brasileiro (2002 e 2004), campeão paulista e da Copa do Brasil (2010). Um santista me pediu para lembrar que Robinho não jogou contra o Corinthians em 2010. O recado está dado.

O Santos está na Libertadores de 2011. É o 13° campeão da Copa do Brasil, com 7 vitórias, 4 derrotas e nenhum empate, 39 gols a favor e 15 contra. Recorde. Nunca nenhum time fez tantos gols na Copa do Brasil.

Veja a comemoração dos jogadores do Santos após a conquista do título:

domingo, 25 de abril de 2010

Santos 3 x 2 Santo André: jogo duro e vitória incontestável

André - Foto Ricardo Saibun
O Santo André vendeu caro a derrota por 3 a 2, que virtualmente lhe custou o título paulista. Porque supor que vá ganhar do Santos de 2 a 0, 3 a 1, 4 a 2 etc é um exercício de imaginação. A taça deve mais uma vez ficar perto do mar.

O jogo foi realmente digno de uma final. O Santo André dominou o primeiro tempo. Mas é importante dizer que esse domínio foi conquistado, no início, a partir de um estilo brucutu próprio de time pequeno. O Ramalhão começou o jogo distribuindo pancadas e pontapés à vontade sob o olhar complacente do juiz Paulo César de Oliveira. Em nenhum dos jogos contra os times grandes que o Santos venceu (São Paulo três vezes e Corinthians uma) ou mesmo de quem perdeu (Palmeiras) os adversários foram desleais. Por isso eu sempre prefiro jogar contra os grandes. A estratégia inicial do Santo André foi bater.

Conseguindo vencer o primeiro round com esse estilo karatê, o time do ABC abriu o placar aos 35 do primeiro tempo em mais uma falha, entre tantas na temporada, do goleiro Felipe, em bela cobrança de Bruno César. O arqueiro arrumou a barreira do seu lado esquerdo, ficou no direito e tomou o gol aí mesmo. Além de tomar o tento no canto em que estava, demorou um século para ir na bola, e quando foi já tava lá dentro.

Veja os melhores momentos:



(Eu assistia ao jogo no Sportv, porque acho o Milton Leite muito bom narrador. Mas Maurício Noriega é péssimo. Depois de várias bobagens, quando ele comentou que "o Santos fica incomodado quando o outro time joga", eu sinceramente achei demais, mudei de canal e me rendi ao Cléber Machado e companhia).

Após o domínio completo do Santo André no primeiro tempo, quando fez 1 a 0 com justiça (apesar dos pontapés) e poderia ter feito 2 a 0, no segundo tempo, com Neymar baleado, brilharam as estrelas de Ganso, André e Wesley, além de Robinho, cuja movimentação desnorteou a zaga andreense. A estrela de Pará tem brilhado, mas ninguém nota.

André: garra e tática
É marcante a solidariedade tática desse time do Santos, personificada por André. Aos 11 minutos do segundo tempo, ele cobriu Pará na lateral direita e desarmou o adversário pondo a bola em lateral. Um minuto e meio depois, fez 1 a 0, aproveitando de cabeça jogada magistral de Ganso.

Aos 15min e 55segundos, Felipe fez ótima defesa em chute de Rodriguinho. A zaga afastou, a bola sobrou para André, que de calcanhar tocou para Wesley, que passou a Robinho, que devolveu para Wesley entrar pela direita e fuzilar. Desde a defesa de Felipe, tudo isso se passou em 16 segundos! É por isso que, como mostra Paulo Vinícius Coelho, o Santos é hoje o melhor ataque do mundo.

Depois que Wesley ampliou aos 25, depois de uma enfiada de bola espetacular de Pará (o lateral que o Santos tem e não sabe), já era para o Santo André. Que ainda diminuiu depois de voltar a pressionar. O time do ABC fez um grande jogo, mas poderia tê-lo feito sem apelar à violência do início.

A vitória do Santos foi importante para que, quarta-feira, no Mineirão lotado, o time da Vila jogue menos pressionado contra o Atlético/MG pela Copa do Brasil. O Galo, aliás, venceu o Ipatinga na primeira final mineira, fora de casa, pelos mesmos 3 a 2.

FICHA TÉCNICA
Santo André 2 x 3 Santos
25/04/2010 –Pacaembu
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP)
Assistentes: Ednilson Corona e Alberto Poletto Masseira
Público total: 33.354
Renda: R$ 1.770.150,00

Santo André
Júlio César; Cicinho, Cesinha, Toninho e Rômulo; Alê, Gil, Branquinho (Pio) e Bruno César; Rodriguinho e Nunes
Técnico: Sérgio Soares

Santos
Felipe; Pará (Madson), Edu Dracena, Durval e Léo; Wesley, Arouca, Marquinhos e Paulo Henrique (Zé Eduardo); Neymar (André) e Robinho
Técnico: Dorival Júnior

Cartões amarelos: Rômulo, Toninho (SA); Wesley (S)
Cartão vermelho: Toninho (SA)
Gols: Bruno César (SA), aos 35min do primeiro tempo; André (S), aos 13min, Wesley (S), aos 17min e aos 25min, Rodriguinho (SA), aos 38min do segundo tempo

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Santos 2 x 1 Rio Claro: pra guardar na memória

Nem precisa dizer que Santos 2 x 1 Rio Claro, neste domingo, no Pacaembu, foi um jogo histórico. Mas digo. Pela primeira vez, as três gerações se encontraram em campo: Giovanni, Robinho e Neymar. Tive o privilégio de assistir (onde gosto, na arquibancada) a essa página futebolística com Carmem, sob um sol escaldante, regados a protetor solar e água, no mais agradável estádio para se ver uma partida de futebol no estado de São Paulo, tirando a Vila Belmiro. Carmem é de Rio Claro, santista desde pequena, mas na sua cidade natal torce pelo Velo Clube (é bom que se diga).

Vamos ao jogo: Neymar e Ganso brilham
O mais esperado e ovacionado antes da partida pelos 32 mil santistas, quando o time foi anunciado pelo alto-falante, Robinho não fez uma partida tão boa quanto Neymar, que correu mais, apresentou-se mais ao jogo, procurou mais espaços, apanhou mais. Tudo mais. Superlativo. De chutes seus saíram os rebotes dos dois gols do Santos (veja abaixo). Em ambos, fez duas grandes jogadas, principalmente no segundo gol, quando deu uma finta desconcertante no zagueiro para chutar e o bom goleiro Sidney espalmar, antes da bola sobrar para Giovanni só cutucar de cabeça.

Não estou menosprezando Robinho. Com o calor sufocante, pode-se até entender que ele (vindo da gelada Inglaterra) não tivesse condições físicas como os outros atores desse prélio no qual o Rio Claro foi um bravo coadjuvante, vendendo caro a derrota. Como eu sempre digo, o futebol faz a gente ser sempre criança, e na arquibancada somos todos crianças de alguma forma. Por isso não se pode menosprezar Robinho, que (junto com Fábio Costa, Elano, Renato, Léo e companhia) me fez chorar de alegria, em 15 de dezembro de 2002.

Desfalcado nas duas laterais, o Santos de Dorival Júnior improvisou Pará na direita e Wesley Santos, outro jovem da base, na esquerda. Pará, aguerrido como sempre, não comprometeu, embora o primeiro gol tenha saído pelo seu lado, após Robinho perder a bola no meio campo, e o rio-clarense Avelar dar um chutão que por sorte encontrou Maicon Souza, que passou por Pará e cruzou para Jackson fazer 1 a 0 aos 39 minutos [falha do goleiro Felipe, que deixou a bola passar por ele no meio da pequena área].

A entrada de André – no lugar do meia Marquinhos, com um corte na cabeça – deixou o meio campo santista mais vulnerável, o que foi compensado pela garra de Germano e o altruísmo de Paulo Henrique Ganso, de quem a torcida na arquibancada injustamente já reclamava. O meia marcou e criou, se movimentou muito e ajudou a suprir a ausência de Marquinhos. Ele e Neymar foram os melhores em campo nos 90 minutos.

No segundo tempo, o Alvinegro voltou mais ligado. Mas o gol não saía. Eis que o treinador saca o incansável Germano para colocar o quase quarentão Giovanni, que na primeira bola caiu de maduro. “Pronto – pensei – perdemos o meio campo e o jogo.” Que nada. Depois de, ainda na defesa, tabelar e receber de volta a bola de Ganso, o vovô deu um passe açucarado para Neymar no lance do gol de empate (23 do segundo) e fez o da vitória (aos 40), fora alguns lampejos do velho craque, como um calcanhar que deixou André livre pela direita, mas o gol não saiu. É pena: visivelmente, Giovanni não tem mais condições de jogar 90 minutos.

A entrada de Mádson no lugar do lateral Wesley Santos (muito, mas muito mal no jogo) abriu ainda mais o time do Santos, que levou alguns contra-ataques perigosos pelo setor esquerdo. Mádson, que parece estar sendo meio esnobado pelo clube, é fundamental. Um time sem um bom banco não ganha, e o baixinho deu vida à ala esquerda, até então morta com o assustado
Wesley Santos.

O ainda vulnerável Santos é, porém, um time que promete. E mais do que o time, é bonito ver tantas crianças num Pacaembu lotado com 32 mil pessoas irmanando-se em torno de uma história. Ao contrário do que dizem uns tolos torcedores adversários (“a torcida do Santos é formada de tiozinhos”), a torcida do Santos é formada por muita gente, como esse gurizinho aí da foto, parecido com muitos que freqüentam os estádios para ver o time de Pelé, de Giovanni, de Robinho, de Neymar e de quem mais vier por aí.


Veja os gols de Santos 2 x 1 Rio Claro


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Neymar e Robinho contra Rogério Ceni é demais

O que se pode fazer, Rogério Ceni? No primeiro gol, você cai sentado, no pênalti que Neymar bateu. Você disse, Ceni, em entrevista no intervalo, que esse lance no qual você ficou sentado (diria o povo, caiu de bunda) é algo típico de Brasil, pois na Europa, onde Neymar deve jogar, segundo você, não se faz esse tipo de jogada, a da paradinha.

No segundo, você ajoelha, diante da letra de Robinho. Faz parte, Rogério Ceni, faz parte. Sentar diante de Neymar e ajoelhar diante de Robinho. Faz parte.

Vem aí a Libertadores, e quarta-feira tem o time reserva do Monterrey, que dá mais valor ao campeonato mexicano do que à Libertadores.

Deixa o Paulistinha pra lá. Como no ano passado, quando o grande Tricolor não ganhou nem Libertadores, nem Brasileiro, nem Paulistinha. Mas o fato é que os lances históricos serão históricos para sempre.

Boa noite, vou tomar uma cerveja.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Neymar, o golaço e as aves de rapina

Robinho ou Neymar? Essa é uma nova versão da velha dicotomia expressa em outras situações: Lennon ou McCartney?, Garrincha ou Pelé?, Pelé ou Maradona?, Roberto ou Erasmo Carlos?, Mangueira ou Portela?, Sartre ou Camus?

Como santista, prefiro Robinho E Neymar. Mas se tivesse de escolher um, hoje, escolheria Neymar.

O apetite da mídia por colocar a jovem joia alvinegra na Europa ou na Copa do Mundo, sinceramente, parece servir a interesses outros, parece coisa de ave de rapina, de empresário. Seleção brasileira, atualmente, mais parece uma vitrine para valorizar os melhores produtos do que um time de futebol unido por uma camisa.

Bom, mas o que realmente emociona é a arte. A arte de Neymar é de encher os olhos. A arte que o Santos Futebol Clube é capaz de gerar, geração após geração, é algo inédito. Não há clube parecido.

O gol, golaço de Neymar contra o Santo André no Bruno José Daniel na quinta-feira, 4, na vitória do Peixe por 2 a 1, é dessas imagens para guardar.

Se Deus existisse, ele não deixaria Neymar trocar o Santos por nenhum outro clube do mundo, porque Ele me atenderia, tenho certeza. Confira (ou reveja), e guarde.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Santos divulga nota oficial sobre Robinho

Depois de um dia confuso, em que o São Paulo apareceu tentando atravessar as negociações Santos-Robinho-Manchester City (como sempre faz o campeão na arte de atravessar negócios), e após Robinho declarar que, se voltar ao Brasil, só se for para o Santos (veja aqui), o time da Baixada divulgou uma nota oficial no fim da tarde desta terça-feira. A íntegra:

"A diretoria do Santos Futebol Clube informa que só voltará a dar declarações oficiais sobre a negociação envolvendo o atleta Robinho, cujos direitos federativos pertencem ao Manchester City, da Inglaterra, assim que a negociação for concretizada. Até lá, desautorizamos qualquer manifestação, mesmo as oficiosas, sobre a negociação em curso.
Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro

Presidente
Santos F.C."

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Com Robinho, o bicho vai pegar

A volta de Robinho ao Santos, se concretizada, promete ser muito positiva para o jogador, o Santos e o futebol brasileiro (como as de Ronaldo e Adriano). O clube já começa ganhando com o marketing, atraindo patrocínios.

O time pode ganhar um poder de fogo temível. Ainda faltam ajustes importantes. A entrada de Arouca para jogar com Roberto Brum. Edu Dracena na zaga. O fim da maldição da lateral direita (com George Lucas ou Maranhão). O time poderia ficar assim:

Fábio Costa; George Lucas (Maranhão), Edu Dracena, Durval e Léo; Roberto Brum e Arouca; Marquinhos (Wesley), Paulo Henrique Ganso; Neymar e Robinho.

Se Giovanni conseguir brilhar, entra no lugar de Marquinhos, mesmo que durante os jogos. Mas o ex-meia do Avaí precisa provar que estará à altura do time. E reparem que a escalação acima é quase romântica, considerando o time de 2002, cujo meio-campo era mais pegador: Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego.

A escalação de Fábio Costa é apoiada e desapoiada por santistas que conheço. O Santos precisa de elenco. Felipe é bom goleiro, mas não tem reserva.Bom, peguei alguns depoimentos de santistas sobre como veem a possível, quase provável, volta do camisa 7 campeão brasileiro em 2002 e 2004.

As opiniões são as seguintes:

O que você acha da provável volta de Robinho ao Santos?

Silvia Brandão Queiróz (historiadora): “Gostei da idéia, mesmo que ele não esteja numa fase muito boa. Acho que pode melhorar muito pelo fato de ele estar lá, no Santos”.

Carmem Machado Luz (editora de arte, da Revista Fórum): “Muito bom, mas gostaria que ficasse até o Brasileiro. Queria também que voltassem Elano, Diego, todo mundo!”

Gabriel Megracko: (fotógrafo e poeta, do blog Gabriel Megracko): “Robinho no lugar de Wesley não é nada mau”.

Olavo Soares (jornalista, dos blogs Olavo Soares e Futepoca): “Se faltar dinheiro pra ele pagar o táxi, eu ajudo! Não quero ele pra casar com a minha irmã, mas pra jogar no meu time! Não é por ser ídolo, mas pelo jogador que ele é”.

Milton Machado Luz (secretário de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente de Rio Claro-SP): “Tem que resgatar essas figuras. No caso do Robinho, antes que cortem ele da seleção. Vai ter mais chance de ir à Copa. Ficar na reserva na Inglaterra? Aqui, o bicho vai pegar. Vai levar a turma ao estádio, levar renda. Isso o Robinho faz”.

Roberto Iizuka (jornalista): “Bom para o Santos e melhor ainda pro Robinho. Ele vai pegar o Paulista e a Copa do Brasil e vai pintar e bordar. Temos que ganhar o Paulista e a Copa do Brasil, que o Santos nunca ganhou, ir pra Libertadores. Acho que o Dorival Júnior vai fazer um timaço. Vamos torcer, que este ano vem coisa boa”.

PS (às 23h18): diante das informações de que, na negociação, o Manchester City, time de onde Robinho está saindo, ficaria com a prioridade de contratar Neymar e/ou Paulo Henrique Ganso, fica a pergunta do advogado do diabo: e se Robinho for um cavalo de Troia?