Mostrando postagens com marcador Rede TV. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rede TV. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Debate da Rede TV! começa quente e acaba frio


Sem dúvida o debate da Rede TV! foi muito melhor do que o da Band, mas só até o fim do segundo bloco.

No primeiro bloco, como tuitei, achei que Haddad (seguro e objetivo) e Chalita se saíram bem. Chalita tomou a iniciativa do ataque a Serra logo no começo, dizendo que ele fechou muitas escolas. Serra caiu na armadilha e disse que Chalita não falava a verdade. Chalita lembrou Paulo Preto e a promessa não cumprida do tucano de ficar na prefeitura até o fim de seu mandato anterior, e emendou: “Quem não diz a verdade não sou eu”, disse o ex-secretário de Educação de Alckmin, a quem continuou citando incessantemente como aliado.

No decorrer do debate, Fernando Haddad acabou insistindo demais em sua experiência nos governos Lula e Dilma. Tudo bem que ele precisa se afirmar e ser mais conhecido, mas insistir demais na mesma tecla parece banalizar o argumento, aos olhos do telespectador. Teve que responder sobre o apoio de Paulo Maluf em pergunta de Soninha, e respondeu o que devia, tentando explicar que governar num sistema democrático como o nosso exige acordos e que o PP faz parte da base do governo Dilma. Mas adianta? Soninha é aliada de Serra, pessoal e partidariamente, e até trocou figurinhas e gentilezas com o "radical" Gianazzi, que retribuiu. Pareciam até dois velhos amigos do colegial.

Russomanno, líder nas pesquisas, tenta falar diretamente com o povo, experiente que é em atuação diante das câmeras. Com um tom um pouco pastor, com voz mansa, ao mesmo tempo em que lembra bandeiras como o combate à violência, tentando atrair o voto mais conservador e/ou despolitizado. E dirigindo-se diretamente ao telespectador, sempre, como “você”.

Gianazzi, fiel ao estilo PSOL, atacou o PT como pôde. Houve um momento em que colou em Serra o selo da “Privataria Tucana” (lembrando o livro de Amaury Ribeiro Júnior). Depois, dirigiu a Haddad a lembrança do “mensalão” (o que repetiu por todo o debate, mesmo que indiretamente). Gianazzi é tão de esquerda que ao debater diretamente com Soninha, sendo candidato à prefeitura, preferiu de novo criticar Haddad e sua gestão no governo federal, mencionando só de passagem o PSDB, cuja gestão da educação no estado de SP e na capital é uma tragédia que está jogando uma geração inteira no analfabetismo funcional. Por que o professor Gianazzi não enfatiza isso, preferindo atacar o PT, o governo federal, mesmo quando fala de educação na cidade que diz querer governar?

Do meio pro fim o debate foi ficando morno e os candidatos adotaram postura mais defensiva e cautelosa. Quando tiveram a chance de debater tête-à-tête, Haddad e Serra, por exemplo, preferiram a cautela e a cordialidade.

Nas considerações finais,

Serra falou de sua vocação “para servir ao próximo”;

Gianazzi disse que é hora de mudança e de se mudar São Paulo e a Câmara dos Vereadores (neste caso, boa lembrança). Mas demonstra ressentimento demais, uma raiva inexplicável do PT de Lula e Dilma;

Paulinho insistiu em eleições de subprefeitos e em levar emprego para perto da casa das pessoas. Prometeu acabar com as multas e a inspeção veicular;

Russomanno encerrou ao estilo pastor: “Quero agradecer do fundo do meu coração, agradeço a você”, diz, diretamente ao telespectador... “Eu quero me dirigir a você”... “Quero defender você na prefeitura de São Paulo”;

Haddad disse ser essencial inserir São Paulo num grande projeto nacional. Falou com firmeza, demonstrou segurança;

Chalita repetiu o que já começa virar uma ladainha: É preciso “dar as mãos ao governo Alkmin, dar as mãos ao governo para o governo Dilma, acabar com as picuinhas.”;

A Soninha riu muito. Ria o tempo todo, meio deslumbrada com seu debut em uma eleição majoritária. Nem consegui ouvir suas considerações finais, aí o debate já estava frio;

E por fim, Fidélix. Além do aerotrem e do banco da cidade, propôs uma novidade: criar a secretaria de mobilidade urbana;

Atualizado às 02:03

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dilma venceu por pontos o debate da Rede TV! contra o ex-governador de SP

Em função do debate da Rede TV! entre José Serra e Dilma Rousseff, vou adiar para amanhã o início das postagens sobre exemplos da truculência tucana.

Quanto ao debate da Rede TV!, para mim, os destaques são esses:


1. Foi uma contenda entre um político estilo raposa (Serra) versus uma gestora (Dilma). Nesse contexto, a petista começou perdendo. As falácias, o domínio do discurso evasivo e fugidio, dissimulado e mentiroso de José Serra (travestido com a máscara tecnocrata do governador competente) se impuseram no início. A inabilidade política de Dilma Rousseff contra o discurso político profissional de José Serra foi a tônica dos dois primeiros blocos.

2. No momento das perguntas das jornalistas aos candidatos, Renata Lo Prete, da Folha de S. Paulo, introduziu a questão Paulo Preto a Serra, com todas as letras (no twitter, apareceram brincadeiras do tipo: “amanhã Renata Lo Prete amanhecerá desempregada”). O ex-governador de SP fugiu de responder, engoliu em seco, desconversou. Escapou falando do “mensalão”. A patricinha Patrícia (desculpem o trocadilho involuntário) Zorzan, da RedeTV!, perguntou a Dilma sobre o caso Erenice Guerra. Ao contrário de Serra, Dilma respondeu: “As pessoas erram, Erenice errou”. Marcou a diferença dizendo que erros existem, mas uns respondem, outros não. Foi curioso que tanto Dilma quanto Serra começaram suas respostas dizendo: “a pergunta é oportuna”.

3. Privatizações, Petrobras etc. Dilma insistiu muito no tema, do qual Serra fugiu como o diabo da cruz. Com esse tema em pauta, o tucano ficou boa parte do debate na defensiva, nas cordas. Às perguntas diretas, sempre começava as respostas mudando de assunto, geralmente remetendo-se à questão anterior, fosse qual fosse.

4. São Paulo. José Serra, sem perceber, se comportou em todo o debate (e na campanha) como um paulista, e não um candidato à presidência do Brasil. Sem se dar conta de que na Bahia, no Nordeste quase inteiro, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, a massa está pouco se lixando para o que pensa o truculento tucanato paulista, que, desde que existe, nada apresentou ao país.

[Parênteses necessário: Minas é o xis da questão: governado pelo tucano Aécio Neves, o enorme estado não parece sensibilizado pelo discurso vazio do PSDB de SP, que negou a Aécio decidir em uma convenção quem seria o candidato do partido. Serra impôs sua pauta e seu próprio nome, isolou-se, e depois implorou que Aécio fosse seu vice. Movido pela voz de Minas, Aécio deu o troco silencioso a José Serra (leia aqui: Mineiros repelem a arrogância de José Serra). Tucanos de primeira hora, como Tasso Jereissati, entre outros, ficaram muito contrariados, e Serra acabou tendo como vice o neo-fascista Índio da Costa, do DEM. Que, aliás, lhe foi apropriado, porque Serra nesta eleição jogou no lixo o que restava de sua história mentirosa, com sua campanha obscurantista, suja, de acordo com a cartilha da mais retrógrada direita, importada do marketing do republicano norte-americano John McCain.]

5. Resumindo, no debate da Rede TV! José Serra caiu numa armadilha como um pato, pois comportou-se, mais do que um tucano, como um tucano paulista. Dilma questionou o tempo todo a péssima gestão de Serra no governo do estado de São Paulo em saúde, educação e segurança (gestão infelizmente aprovada pela reacionária população do estado dos antigos barões do café). E ele falou o tempo todo como paulista. Fico imaginando um baiano, um gaúcho, um mineiro, um cearense, um pernambucano ou um carioca vendo o discurso de José Serra. Para a sorte do ex-governador de SP, a audiência do debate da Rede TV! foi baixo, parece que não passou de 4%, segundo o Ibope.

6. Por tudo isso, acho que, se fosse uma luta de boxe, Dilma teria vencido por pontos. Como foi um debate político, venceu por pontos. Também.

domingo, 15 de novembro de 2009

Os gestos de José Serra

Foto: Eduardo Metroviche
Na sexta-feira, 13, estive no evento de inauguração da sede da Rede TV!, em Osasco. Passaram por ali algumas das maiores lideranças do país: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; o governador de São Paulo, José Serra (PSDB); o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o senador Aloizio Mercadante; a ex-prefeita paulistana Marta Suplicy; o ex-prefeito Paulo Maluf; o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer; o prefeito de Osasco e pré-candidato ao governo de SP, Emidio de Souza, e vários representantes de seu staff e secretariado, entre outros.

Eu fiz a seguinte pergunta ao governador José Serra, na única vez na vida em que olhei essa estranha personalidade olhos nos olhos, de perto:

– Governador, alguns órgãos de imprensa ventilam a possibilidade de o senhor vir a não ser candidato à presidência da República...

O governador Serra mal esperou que eu terminasse a pergunta (e sequer terminei), deu dois leves tapinhas, “carinhosos”, digamos assim, em meu braço, deu-me as costas e saiu andando. Nenhuma palavra, apenas um sorriso sutil, de escárnio. A resposta à pergunta deste jornalista foi esse simples mas significativo gesto.

Curioso, o gesto, e os recorrentes gestos do governador paulista. Como todos os repórteres que não cantam a sua cartilha sabem, ele jamais responde a uma pergunta que não seja de seu agrado e aprovação.

O curioso é que, no curto discurso que fez para saudar a inauguração do novo endereço da Rede TV!, Serra ressaltou a importância da informação.

A informação, segundo ele, é fundamental para a democracia. Agora, a pergunta que não quer calar, e que o governador tucano não quis responder, é: Serra será candidato à presidência da República?