Na sexta-feira passada, 30 de setembro, foi noticiado pela Folha de S. Paulo que a “Fifa pediu ao governo brasileiro que, durante o período de realização da Copa do Mundo no país, em 2014, suspendesse o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso e o Estatuto do Torcedor”.
Traduzindo: tudo para facilitar a “entidade máxima do futebol” a organizar o gigantesco evento esportivo no Brasil de acordo com suas próprias leis e regras. Quando li a informação, a primeira coisa que me ocorreu, e até postei no Twitter, foi: "isso é alguma piada?"
A desfaçatez (não tem outra palavra ) do pedido da FIFA prova cabalmente que as entidades que regem o futebol – FIFA, CBF, AFA, Conmebol, Uefa – se consideram acima da lei (escrevi um artigo que toca no tema para o Observatório da Imprensa, em 2005, ano de ocorrências estranhas no futebol brasileiro: A culpa é do Giovanni). E essas entidades não cansam de demonstrar essa prepotência. Mas tentar interferir em leis federais e estaduais do Brasil para aumentar seus negócios – muitos dos quais denunciados mundo afora como, no mínimo, suspeitos – já passa de qualquer limite aceitável.
Por isso, espero que se confirme a posição do governo brasileiro, sobre a qual nota da coluna da Mônica Bergamo (para assinantes) desta segunda-feira diz o seguinte:
“A presidente Dilma Rousseff pretende resistir à pressão da Fifa e não deve recuar da decisão de permitir a meia-entrada nos jogos da Copa de 2014. ‘Minha querida, isso é uma lei brasileira’, disse ela à coluna. ‘E não pode mudar. Não é uma questão de querer ou não querer.’ A meia-entrada para os que têm mais de 60 anos está prevista no Estatuto do Idoso. Ingressos de estudantes são regulados por leis estaduais.”
Na nota acima, só não gostei muito do verbo “resistir”. Não se trata de resistir, mas simplesmente de dizer não à FIFA, e ponto.
Atualizado às 22:50