sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Favoritos do cinema (1): "Quando explode a vingança", de Sergio Leone


Rod Steiger (à esq.) e James Coburn
O que faz as pessoas amarem o western, ou, como a gente dizia, o faroeste? Claro que há os que, por ideologia, odeiam esse gênero de cinema. Porque é violento, porque é a “manifestação do imperialismo ianque”, porque, enfim, muitas vezes se confunde arte com política ou qualquer outra tolice.

O western seduz o que há de épico na alma humana. Ou, pelo menos, nas almas que têm o épico como arquétipo. Por isso é difícil explicar a paixão pelo gênero.

Pensei nisso revendo o belo Giù la testa (1971), do mestre Sergio Leone (1929-1989), filme também conhecido em inglês como A Fistful of Dynamite, e que entre nós recebeu o péssimo título Quando explode a vingança.

Não é tão importante quanto Era uma vez no Oeste (Once upon a time in the West, de 1968) ou Três homens em conflito (Il buono, il brutto, il cattivo – 1966), as duas obras-primas de Leone.

Quando explode a vingança é a história do encontro improvável entre um guerrilheiro irlandês que lutou em seu país pela independência, no grupo que deu origem ao IRA (sigla em inglês de Exército Republicano Irlandês), e um bandido comum que vagava pela aridez do México na época da revolução mexicana, nas primeiras duas décadas do século XX.

Como uma visão surrealista, o irlandês John Mallory, interpretado por James Coburn, aparece de motocicleta entre carroças e cavalos, para espanto do mexicano Juan Miranda (Rod Steiger) e sua família. Acabam sendo cúmplices. O mexicano, pensando no grande assalto ao banco que sonha realizar, se interessa pelo enorme conhecimento de explosivos revelado pelo irlandês. Um conduz o outro a realizar seus próprios desígnios, enquanto, em flash back, se revela a história de amor e traição vivida por John Mallory/James Coburn em seu país natal, na luta pela independência da Irlanda.

Em A Fistful of Dynamite está a síntese do italiano Leone: o humor e o drama, que se fundem não só em sua obra, mas tantas vezes na vida das pessoas e das nações; a paródia ao western grandiloqüente, falso, americanófilo como o dos filmes de John Wayne; o roteiro por vezes – e deliberadamente, como reforço da paródia – inverossímil; a fotografia exuberante; os planos longos que emocionam; a música magistral de Ennio Morricone, que não é um dado a mais do filme, mas é parte intrínseca da narrativa.

Fora os elementos acima, vale mencionar o grande talento de Leone como diretor de ator. Ele conseguiu por exemplo a proeza de fazer Charles Bronson ser um grande ator, em Era uma vez no Oeste, talvez o maior western de todos os tempos. Em Quando explode a vingança, Rod Steiger (Sindicato de Ladrões, Doutor Jivago) e James Coburn (Pat Garrett & Billy The Kid, um grande faroeste de Sam Peckinpah) não parecem interpretar, mas literalmente são os personagens.

Clint Eastwood dedicou seu grande filme, na minha opinião, Os Imperdoáveis, a dois mestres: Sergio Leone e Don Siegel.

Voltarei a falar do mestre Sergio Leone (o barbudo da foto abaixo).

Segue uma filmografia do diretor. Para quem quer algo mais completo, pode ir ao site imdb.com, no link do diretor aqui abordado, onde as informações, fichas técnicas etc. são bastante abrangentes.

Filmografia de Sergio Leone

Era uma vez na América (1984)
Meu Nome É Ninguém (1973)
Quando Explode a Vingança (1971)
Era uma vez no Oeste (1968)
Três Homens em Conflito (1966)
Por Uns Dólares a Mais (1965)
Por um Punhado de Dólares (1964)
O Colosso de Rodes (1961)
Os Últimos Dias de Pompéia (1959)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Robinho está de volta à Vila

O site do Manchester City confirmou agora há pouco (foto) o empréstimo de Robinho ao Santos, até 4 de agosto. Segundo o clube, o time da Vila Belmiro será responsável pelos pagamentos relativos ao contrato, que devem ser bancados por patrocinadores ainda não divulgados.

O atacante deverá jogar, na realidade, por quatro meses, caso seja (e deve ser) convocado por Dunga para ir à Copa do Mundo.

Com a volta do craque, agora são três os jogadores do atual elenco que participaram da campanha memorável de 2002, quando o time sagrou-se campeão brasileiro ao bater o Corinthians na final: o próprio Robinho, Léo e Fábio Costa, que também hoje renovou com o Peixe.

Rede Chávez de notícias

Por Luiz Egypto
(publicado no Observatório da Imprensa)

Mais um quiproquó entre o presidente Hugo Chávez e a mídia venezuelana. Desta vez a truculência chavista emparedou seis emissoras de TV por assinatura, entre elas a RCTV, este um canal oposicionista cuja concessão em sinal aberto não foi renovada ano passado pelo governo – daí sua opção por transmitir via cabo.

A verdade é que não há inocentes nessa história. O debate está radicalizado, há mortes nas ruas, a Venezuela é hoje um país dividido.

A mídia oposicionista pega pesado, foi cúmplice de uma tentativa de golpe de Estado em 2002, e o governo, que não deixa barato, responde sempre uma oitava acima. Com maioria folgada no Parlamento, aprovou, em 2004, uma de Lei de Responsabilidade Social em Rádio e TV e nela embutiu, no final do ano passado, um decreto segundo o qual as emissoras a cabo passaram a submeter-se às mesmas regras daquela legislação.

E onde foi que o caldo entornou? As emissoras por assinatura que tiverem pelo menos 70% de sua produção de conteúdo nacional agora são obrigadas a formar as cadeias de radiodifusão convocadas pelo governo, no mais das vezes para transmitir discursos do presidente Chávez. Quem não obedecer está sujeito a penas de multa e "suspensão administrativa". De acordo com a ONG Human Rights Watch, citada na quarta-feira (27/1) pela Folha de S.Paulo, em 2009 foram 141 discursos – um deles com 7 horas e 34 minutos de duração.

O que será?
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) monitorou a formação dessas cadeias governamentais de radiodifusão e contou, em 2008, 154 episódios desse tipo, nos quais o presidente Chávez usou 190 horas de falação – o que equivale a oito dias inteiros de palavrório. Noves foras o programa semanal Alô Presidente, veiculado aos domingos pela VTV (Venezolana de Televisión), que, como a antiga e brasileiríssima Discoteca do Chacrinha, "só acaba quando termina".

Registre-se: há quem goste dessas longas perorações. Registre-se também: agride o espírito democrático o apetite com que o presidente se lança ao projeto de controle absoluto do espaço midiático. Ano passado, segundo levantamento da RSF, Chávez fechou 34 veículos audiovisuais e confiscou 29 frequências de radiodifusão para distribuí-las em favor do "desenvolvimento de meios de comunicação comunitários". Pelo menos uma delas, a da emissora AN Radio, foi atribuída à Assembléia Nacional da Venezuela.

Nas emissoras estatais, é o presidente no céu e Deus na terra, nesta ordem. O contraditório ali não existe. Nessa batida, o que será da Venezuela?

Luiz Egypto é redator chefe do Observatório da Imprensa

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Santos divulga nota oficial sobre Robinho

Depois de um dia confuso, em que o São Paulo apareceu tentando atravessar as negociações Santos-Robinho-Manchester City (como sempre faz o campeão na arte de atravessar negócios), e após Robinho declarar que, se voltar ao Brasil, só se for para o Santos (veja aqui), o time da Baixada divulgou uma nota oficial no fim da tarde desta terça-feira. A íntegra:

"A diretoria do Santos Futebol Clube informa que só voltará a dar declarações oficiais sobre a negociação envolvendo o atleta Robinho, cujos direitos federativos pertencem ao Manchester City, da Inglaterra, assim que a negociação for concretizada. Até lá, desautorizamos qualquer manifestação, mesmo as oficiosas, sobre a negociação em curso.
Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro

Presidente
Santos F.C."

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Com Robinho, o bicho vai pegar

A volta de Robinho ao Santos, se concretizada, promete ser muito positiva para o jogador, o Santos e o futebol brasileiro (como as de Ronaldo e Adriano). O clube já começa ganhando com o marketing, atraindo patrocínios.

O time pode ganhar um poder de fogo temível. Ainda faltam ajustes importantes. A entrada de Arouca para jogar com Roberto Brum. Edu Dracena na zaga. O fim da maldição da lateral direita (com George Lucas ou Maranhão). O time poderia ficar assim:

Fábio Costa; George Lucas (Maranhão), Edu Dracena, Durval e Léo; Roberto Brum e Arouca; Marquinhos (Wesley), Paulo Henrique Ganso; Neymar e Robinho.

Se Giovanni conseguir brilhar, entra no lugar de Marquinhos, mesmo que durante os jogos. Mas o ex-meia do Avaí precisa provar que estará à altura do time. E reparem que a escalação acima é quase romântica, considerando o time de 2002, cujo meio-campo era mais pegador: Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego.

A escalação de Fábio Costa é apoiada e desapoiada por santistas que conheço. O Santos precisa de elenco. Felipe é bom goleiro, mas não tem reserva.Bom, peguei alguns depoimentos de santistas sobre como veem a possível, quase provável, volta do camisa 7 campeão brasileiro em 2002 e 2004.

As opiniões são as seguintes:

O que você acha da provável volta de Robinho ao Santos?

Silvia Brandão Queiróz (historiadora): “Gostei da idéia, mesmo que ele não esteja numa fase muito boa. Acho que pode melhorar muito pelo fato de ele estar lá, no Santos”.

Carmem Machado Luz (editora de arte, da Revista Fórum): “Muito bom, mas gostaria que ficasse até o Brasileiro. Queria também que voltassem Elano, Diego, todo mundo!”

Gabriel Megracko: (fotógrafo e poeta, do blog Gabriel Megracko): “Robinho no lugar de Wesley não é nada mau”.

Olavo Soares (jornalista, dos blogs Olavo Soares e Futepoca): “Se faltar dinheiro pra ele pagar o táxi, eu ajudo! Não quero ele pra casar com a minha irmã, mas pra jogar no meu time! Não é por ser ídolo, mas pelo jogador que ele é”.

Milton Machado Luz (secretário de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente de Rio Claro-SP): “Tem que resgatar essas figuras. No caso do Robinho, antes que cortem ele da seleção. Vai ter mais chance de ir à Copa. Ficar na reserva na Inglaterra? Aqui, o bicho vai pegar. Vai levar a turma ao estádio, levar renda. Isso o Robinho faz”.

Roberto Iizuka (jornalista): “Bom para o Santos e melhor ainda pro Robinho. Ele vai pegar o Paulista e a Copa do Brasil e vai pintar e bordar. Temos que ganhar o Paulista e a Copa do Brasil, que o Santos nunca ganhou, ir pra Libertadores. Acho que o Dorival Júnior vai fazer um timaço. Vamos torcer, que este ano vem coisa boa”.

PS (às 23h18): diante das informações de que, na negociação, o Manchester City, time de onde Robinho está saindo, ficaria com a prioridade de contratar Neymar e/ou Paulo Henrique Ganso, fica a pergunta do advogado do diabo: e se Robinho for um cavalo de Troia?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A cerveja que bebemos

Quem não tem reclamado da péssima cerveja que temos consumido, entre os inveterados bebedores e entre os que conhecem a qualidade do produto, mesmo que seja por intuição do fígado?

O site Observatório da Imprensa publicou um artigo do jornalista de Belo Horizonte José de Souza Castro sobre o tema. Ele discorre sobre texto do físico (sim, físico) Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que polemizou na seção "Tendências/Debates", da Folha de S.Paulo, com Sílvio Luiz Reichert, mestre cervejeiro pela Doemens Fachakademie, da Alemanha, vice-presidente de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da Anheuser-Busch Inbev.

Pra resumir, Cerqueira Leite diz que a cerveja que bebemos é de péssima qualidade, entre outros motivos porque, em vez de cevada, as “cervejarias” (ou cervejaria, já que por aqui reina o oligopólio) brasileiras usam milho. Que é mais barato, claro.

"No começo do Plano Real, comprava-se uma lata de cerveja por 35 centavos. Pouca coisa se valorizou tanto no Brasil, nos últimos anos. Achamos que respeito é o que merecem os consumidores de cerveja no Brasil e que os imensos impostos pagos e as enormes verbas publicitárias da Ambev não impeçam governo e imprensa de exigir esse respeito", diz José de Souza Castro no artigo do Oservatório. Leia aqui.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Paulistão 2010 e os quatro (ou cinco?) grandes do estado

Eu gosto e defendo os campeonatos estaduais, ao contrário de quem quer matá-los e acabar com boa parte do esporte no interior. Mas o estadual engana muita gente que supervaloriza seus resultados, bons ou ruins.

Do meio para o fim é que os times do Paulistão começam a tomar corpo. No ano passado, o Corinthians de Mano Menezes iniciou o campeonato muito bem entrosado, com a equipe que subiu para a Série A do Brasileiro jogando um futebol ao mesmo tempo bonito e eficiente. Aquele time, há um ano, seria forte candidato ao título da Libertadores. Em 2010, a equipe parece menos azeitada e festeja demais antes do tempo.

Anos de centenários têm sido motivo de tristeza, vide Flamengo (1995) e Coritiba (2009), ou de nada-a-comemorar, como o Atlético-MG (2008), que nos seus cem anos nem o estadual ganhou. Mas, argumentaria um corintiano otimista, o Vasco da Gama levou a Libertadores no ano de seu centenário, em 1998. Ocorre que desde a conquista da Copa do Brasil de 2009 o Corinthians parece estar de férias. E Libertadores não se ganha com entrevistas coletivas. Essa será a disputa que vai mostrar de fato o nível de competitividade de Ronaldo e Roberto Carlos.

Não acredito que o Corinthians brigue pelo Paulista este ano. Sua meta é a Libertadores. O São Paulo também deve usar o estadual para se reorganizar, com a mesma prioridade. (Aliás, esse negócio de priorizar a Libertadores já virou uma moda enfadonha.)


O Santos teve um início promissor, jogando um futebol alegre e ofensivo, como manda a melhor tradição do Santos Futebol Clube: lembremos os times de 1978, 1995 e 2002, por exemplo. Ressalva: a torcida alvinegra não pode entrar no oba-oba por ter atropelado por 4 a 0 (quatro golaços) o fraquíssimo Rio Branco de Americana.

Mas os augúrios são bons na Vila Belmiro. Nunca vi o Santos campeão sem alegria, e a alegria parece estar presente atualmente na Baixada. Me parece que, se a torcida tiver paciência, esse time pode ir longe. Paulo Henrique, Neymar e Giovanni (este, na medida do possível) podem engrenar, guardados por um meio de campo onde Roberto Brum é importante, mas carece da companhia de outro volante por ali. Rodrigo Mancha é pesado e lento. Arouca, trocado por Rodrigo Souto com o São Paulo, onde foi subaproveitado, pode ser esse homem. Giovanni também está pesado e lento. Precisamos ver como se sairá num jogo mais pegado.

A Portuguesa, que bateu o Tricolor na primeira rodada por 3 a 1, quer voltar a ocupar seu lugar histórico, pelo menos segundo seu treinador, Vagner Benazzi: “Vamos voltar a ser o quinto time grande de São Paulo", prometeu.

O Palmeiras é uma incógnita, mas manteve o mesmo time do ano passado, além do treinador, está se reforçando e não terá a Libertadores como "prioridade”. Diego Souza é o diferencial. Tem na retaguarda o bom meio de campo com Pierre e o recém-contratado Edinho (ex-Lecce), que dizem ser bom (não conheço), além de Cleiton Xavier e Deyvid Sacconi como opção. O problema do Alviverde, a meu ver, é justamente seu técnico: além do jogo feio, o estilo de Muricy não tem nada a ver com o futebol clássico identificado com o termo academia.

De qualquer maneira, se eu fosse apostar hoje, diria que a final será Santos x Palmeiras.

Imagem de santa grávida achada em Paraitinga

Foto: Carmem Machado
DIAS DEPOIS...

Num post abaixo, sobre São Luiz do Paraitinga, eu havia manifestado o desejo de "que a virgem grávida da capela das Mercês tenha sido (ou seja) encontrada", referindo-me à imagem desaparecida na destruição da cidade pelas chuvas.

A imagem, muito rara, de mais de 200 anos, segundo especialistas, foi encontrada no dia 4 por uma equipe comandada por José Carlos Imparato, professor de odontologia da USP e arqueólogo nas horas vagas, segundo matéria da Folha Online.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

São Luiz do Paraitinga

Não estou interessado em escrever sobre a necessidade de se enviar auxílio a São Luiz do Paraitinga. Há gente com muito mais audiência do que eu, como Denis Gavazzi, da ESPN-Brasil, que divulgou uma enorme lista de locais que as pessoas podem procurar para esse fim (veja aqui, no post Vamos ajudar São Luiz do Paraitinga).

Também não quero enveredar pelas lamúrias políticas, a culpar governos e partidos, estes ou aqueles, que ao longo do tempo deixaram (e deixaram) de tomar as medidas necessárias, de saneamento básico etc, ou de lutar, exigir que fossem adotadas, para pelo menos minimizar a ferocidade da natureza sábia e vingativa.

O que quero é apenas manifestar a tristeza e a solidariedade pelo sofrimento daquele povo benfazejo. Tristeza pela preciosa vida que brilhava naquela cidade, pelas cores, pela Igreja Matriz São Luis de Tolosa (acima), que não existe mais, pela capela Nossa senhora das Mercês, pelas noites na grande praça onde os meninos jogavam futebol enquanto os adultos tomavam cerveja, como vimos em janeiro de 2008, logo após o Réveillon, a praça ainda enfeitada com as luzes de Natal. Pela História.

Mas também, quem sabe, como ensinam os chineses ancestrais, da destruição possa vir o ressurgimento. E que assim as peredes sejam novamente pintadas. Que a loja da Carminha, o Bar Familiar, a Padaria Nossa Senhora Aparecida, a Drogaria Oswaldo Cruz (neste mundo de Drogasis), entre tantos estabelecimentos que, como São Luiz do Paraitinga, pareciam desafiar o século XXI, insistindo em sobreviver, voltem a nos receber.

Que o casal de bonecos João Paulino e Maria Angu continuem seu folclore. Que a hospitalidade da cidade vença a tristeza. Que a virgem grávida da capela das Mercês tenha sido (ou seja) encontrada.

Atualizado às 18h24

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Entrevista possível com Paulo César Pereio

Ator na Vila Madalena/foto: Eduardo Maretti
Eu estava com amigos na Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, na última quinta-feira, 7, quando um desses amigos informou que Paulo César Pereio estava por ali.

O ator gaúcho nascido em Alegrete em 19 de outubro de 1940 já atuou, entre outros, em filmes como Terra em transe (direção de Glauber Rocha, 1967), interpretando um estudante; Vai trabalhar, vagabundo (Hugo Carvana, 1973), como o personagem Russo; Toda nudez será castigada (Arnaldo Jabor, 1973), como Patrício; Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (Hector Babenco, 1977), como Doutor Moretti; Chuvas de Verão (Cacá Diegues, 1978), como Juraci; Eu te amo (Arnaldo Jabor, 1981), como Paulo.

Em seu mais recente filme, É proibido fumar, de Anna Muylaert, lançado em dezembro último, ele teve participação especial. Faz atualmente o programa de entrevistas "Sem Frescura", do Canal Brasil (terças-feiras, 19h30).

Quando eu avisei que ia falar com Pereio, o mesmo amigo que me informara de sua chegada ao bar alertou para eu não ir. “Ele pode te mandar tomar no cu”, disse meu amigo, zelando pela minha saúde mental.

Mas eu fui. Foi um improviso, quase impossível, dado o alto volume das dezenas de conversas que se superpunham entre as mesas e a calçada onde muitos estavam, fumando. Não reparei se Pereio fumava.

A mini-entrevista ficou assim:

O que você está fazendo na Vila Madalena?
Eu tô comprando tempo.

Como se sabe, você é gaúcho. Por que escolheu morar em São Paulo?
Porque aqui eu posso ser confundido com um ser humano.

Qual o melhor filme que você já fez?
Essa pergunta eu não respondo.

Por quê?
Porque eu não sou crítico, eu sou artista. Artista não pode ser crítico. [A crítica] Entra pra consciência dele [artista] e passa a proibir ele de fazer aquilo. Eu perco o direito de pisar na bola, porque essa merda entra pra minha consciência... Então eu não critico porque eu não quero ficar estéril. Era só.

PS: Não tive sequer tempo de perguntar o que Pereio acha da lei antifumo do Serra. Ele mesmo se encarregou de encerrar o papo. Achei melhor não contrariar.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Boris Casoy, os lixeiros e o ano novo

As observações do Boris Casoy sobre os lixeiros merecem registro, e dispensam comentários.

Legenda: "Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho".